IPCA-15 – outubro

IPCA-15 – outubro

IPCA-15 – outubro

18/10/13

O IPCA-15 de outubro mostrou variação de 0,48% M/M, acima das expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (0,41% M/M) e da projeção da SulAmérica Investimentos (0,42% M/M). A taxa de variação em 12 meses do IPCA-15 seguiu diminuindo, dessa vez caindo de 5,93% em setembro para 5,75% em outubro.

Diversos grupos apresentaram aceleração na inflação entre um mês e outro, com destaque para Alimentação e bebidas (0,16 pp a mais de contribuição do que no mês anterior) e Vestuário (0,03 pp a mais de contribuição), sendo que os grupos Habitação, Artigos de residência e Despesas Pessoais também mostraram aceleração. Os grupos que mostraram recuo na inflação foram Transportes e Saúde.

Os preços de bens e serviços administrados seguiram com variação baixa em outubro (0,17% M/M). No acumulado em 12 meses, os preços administrados têm variação de 1,20% em setembro, a menor de toda a série histórica. Esses preços têm sido usados como uma âncora pelo governo federal para tentar conter as pressões inflacionárias vistas nesse ano nos preços livres (cuja variação chegou a 8,11% em abril, estando agora em 7,45%), destacando-se o reajuste de tarifas de energia elétrica no começo do ano.

A queda na inflação nos preços livres nos últimos meses (de 8,11% em abril para 7,426 em outubro, na comparação em 12 meses) deveu-se ao comportamento dos preços de Alimentação no domicílio. Os preços dentro dessa categoria chegaram a 15,45% A/A em abril, porém agora em outubro estão em 8,13% A/A. A maior parte dessa queda decorreu devido aos preços de alimentos não comercializáveis, que são afetados apenas pela oferta interna. A variação desses preços diminuiu de 40,45% A/A em maio para 8,54% A/A em outubro, com variações negativas na comparação M/M nos últimos 5 meses. Nos próximos meses essa variação deve voltar a ficar positiva, levando a inflação mensal a patamares mais elevados.

Outra parte da queda dos preços livres decorreu dos alimentos tradeables, que são influenciados pelos preços internacionais de commodities e pela taxa de câmbio. No mês de outubro, no entanto, a inflação mensal subiu consideravelmente, como era esperado, refletindo a desvalorização cambial que ocorreu nos últimos meses. A inflação nesses itens deve seguir pressionada nos próximos meses, dessa vez afetada pelos preços de commodities.

Os outros grupos do IPCA-15 não mostraram muitas novidades. A inflação de alimentação fora do domicílio segue elevada, reagindo com defasagem ao aumento dos preços de alimentos (e também sendo pressionada pela inflação de serviços).

Os preços de serviços (excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea) seguem com variação A/A em torno de 8,0%. Essa inflação elevada nesse grupo deve-se à taxa de desemprego ainda abaixo da taxa de equilíbrio. Os resultados melhores no mercado de trabalho nos últimos meses podem impedir que esses preços arrefeçam como esperado, porém a menor taxa de crescimento do ano que vem deve ajudar a taxa de desemprego a subir levemente, aumentando a ociosidade desse setor.

A inflação de bens industriais segue pressionada, também refletindo a desvalorização cambial que foi vista desde junho. Agora, no mês de outubro, estão também sendo sentidos os efeitos do aumento do IPI sobre eletrodomésticos da linha branca.

O IPCA-15 de outubro, dessa forma, é condizente com a projeção da SulAmérica Investimentos para o IPCA fechado do mês (0,55% M/M). A inflação deve ficar ainda mais elevada nos últimos dois meses do ano, fazendo a variação em 12 meses do IPCA-15 e do IPCA subir levemente em relação aos patamares atuais e permanecer distante do centro da meta, de 4,5%. Essa pressão na inflação no final de ano, decorrente em especial dos preços de alimentos mas também refletindo pressão em serviços e bens industriais e com o fim de novidades deflacionárias para os preços administrados, deve fazer o Banco Central seguir com um discurso “hawkish” em relação ao combate à inflação pelo menos até o fim do ano.

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