IPCA-15 – Julho

IPCA-15 – Julho

IPCA-15 – Julho

19/07/13

O IPCA-15 de julho mostrou variação de 0,07% na comparação M/M, abaixo da mediana das expectativas coletadas pela Bloomberg (0,11%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (0,14%). O IPCA-15 mostra redução em relação ao valor visto nos últimos meses, com contribuições bastante negativas de certos grupos, mas que parecem ser pontuais, e não persistentes. Em 12 meses, o IPCA-15 diminuiu de 6,67% em junho para 6,40% em julho. A variação do IPCA-15 nessa comparação deverá diminuir ao longo do 2º semestre, devendo se estabilizar em torno de 5,8% no final do ano.

Uma das grandes fontes de preocupação com a inflação era quão disseminada ela estava no começo do ano. O índice de difusão, que mede quantos subitens do IPCA-15 mostraram variação positiva, havia chegado a 73% em janeiro de 2013, porém ele mostrou substancial redução nos últimos meses, encontrando-se em 55,9% em julho.

É importante, no entanto, lembrar que há um grande componente sazonal nesse comportamento do índice de difusão. Em parte porque a maior quantidade de alimentos dentre os subitens faz com que a sazonalidade presente neles se reflita no índice de difusão. Assim, o índice de difusão costuma ser mais elevado no começo do ano e mais baixo na metade do ano. É bem provável que o índice de difusão volte a subir ao longo do segundo semestre, mesmo que não chegue aos patamares vistos no começo do ano.

Diversos grupos dentro do IPCA-15 tiveram variação menor em julho do que em junho (apenas Despesas Pessoais foi na direção contrária, com aumento de variação). Três grupos tiveram contribuição negativa para o IPCA-15 de julho, sendo eles Transportes (-0,11 pp), Alimentação e bebidas (-0,04 pp) e Vestuário (-0,01 pp). A variação de Saúde também diminuiu consideravelmente no período (de 0,72% para 0,20%). É importante destacar que boa parte dessa inflação mais benigna nesses grupos em junho tem caráter temporário.

Os preços de Alimentação e bebidas finalmente estão com uma queda mais forte, devolvendo parte da fortíssima alta verificada no começo do ano. Isso é verdade em especial no caso dos alimentos nontradeables. Para os próximos meses o IPCA alimentos ainda pode ter contribuição negativa, porém indicadores diários de preços mostram que a sua queda está arrefecendo.

Os preços de Transportes foram afetados pela revogação do aumento das tarifas de transporte urbano nas principais capitais do país. Essa decisão contribuiu com uma queda de 0,03 pp no IPCA de julho. Além do transporte público, houve grande queda nos preços de combustíveis, como gasolina e álcool. O grupo Vestuário responde a pressões sazonais (liquidações de inverno) enquanto o grupo Saúde e medicamentos tem uma redução na variação devido à maior concentração dos reajustes de remédios no começo de abril.

A queda nesses grupos parece ser temporária e deve ser revertida no curto prazo. Além disso, há uma inflação subjacente que permanece elevada. Ela pode ser vista no caso dos preços de serviços, que no cálculo excluindo passagem aérea e alimentação fora do domicílio, teve variação de 0,6% M/M e permanece já há bastante tempo em torno de 8,0% A/A.

Pressões inflacionárias ligadas à desvalorização do câmbio estão se acumulando nas últimas semanas. O efeito do câmbio nos preços é sentido em especial nos bens industriais e nos alimentos tradeables. Os primeiros ainda estão respondendo à desvalorização anterior (de R$/US$ 1,70 para R$/2,00), que ocorreu no ano passado. Caso a taxa de câmbio permaneça desvalorizada, é possível prever que esses preços ficarão ainda mais pressionados, em especial no final desse ano e no ano que vem.

Observando-se os núcleos, é possível perceber também uma redução em relação à variação do começo do ano. A variação de julho foi a mais baixa em muito tempo (0,29% M/M no núcleo por médias aparadas com suavização), ficando até mesmo abaixo do número compatível com variação de 4,5% anualizada (0,37% M/M). Entretanto é importante lembrar que até mesmo esse cálculo de núcleo pode ter sido afetado pela reversão nos preços de alimentos nontradeables, e que, portanto, a variação do núcleo deve voltar a subir nos próximos meses.

A inflação, portanto, deve permanecer baixa no curto prazo, respondendo à deflação de certos preços administrados pelo governo e de alimentos. A estimativa da SulAmérica Investimentos para o IPCA de julho é de -0,04% M/M, devido a esses fatores. A inflação deve voltar a subir na comparação M/M nos próximos meses devido ao fim desse reajuste sazonal e pontual e aos efeitos da desvalorização do câmbio.

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