Economic Highlight – IPCA-15 (jul/20)

Economic Highlight – IPCA-15 (jul/20)

A inflação medida pelo IPCA-15 em julho ficou em 0,30% M/M, abaixo da mediana de projeções do mercado (0,52%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,45%). A variação em 12 meses subiu de 1,92% A/A em junho para 2,13% A/A em julho, enquanto a variação acumulada nos 7 primeiros meses do ano está em 0,67%, o menor nível da série histórica.

Houve aumento na inflação em relação ao mês anterior (0,02% M/M), mas ele foi concentrado em 3 dos 9 grupos: Transportes (1,11% M/M contra 1,82% M/M), Habitação (0,50% M/M contra -0,07% M/M) e Saúde e despesas pessoais (0,40% M/M contra -0,01% M/M). O aumento em relação ao mês anterior em Transportes ocorreu por uma combinação de maiores preços de combustíveis (em especial gasolina, com alta de 4,47% M/M) e passagem aérea (-4,16% M/M contra anterior de -26,08% M/M). Em Habitação, o destaque foi energia elétrica residencial, com alta de 1,03% em julho contra -0,48% em junho, com reajustes de energia elétrica em 7 regiões metropolitanas (desconto no caso de Curitiba devido a pagamentos de PIS/Cofins, mas altas em outras localidades). Em Saúde e cuidados especiais, o aumento se concentrou em produtos farmacêuticos (+1,04% M/M contra -0,06% M/M no mês anterior) com reajuste autorizado pela ANS sendo repassado pelos varejistas devido ao aumento de vendas no setor.

Nos grupos em que houve queda, os destaques foram Alimentação e bebidas (que teve deflação de -0,13% M/M contra alta de 0,47% M/M no mês anterior), Vestuário (-0,91% M/M contra -0,15% M/M do mês anterior) e Artigos de residência (0,68% M/M contra 1,36% M/M do mês anterior). Em alimentação, houve variação negativa nos alimentos nontradeables (-2,67% M/M) e quase zero na alimentação fora do domicílio (0,03% M/M).

Em relação às expectativas, as surpresas se concentraram em passagem aérea (-0,10 pp) e alimentos (-0,05 pp), com expectativa de altas nesses itens sendo frustradas e ocorrendo as deflações mencionadas acima.

As medidas de inflação subjacente permaneceram baixas, com a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central ficando em 0,11% M/M, mesmo patamar visto no IPCA de junho (0,11% M/M), mas acima do visto no IPCA-15 de junho (0,01% M/M). Esse nível de inflação subjacente ainda é muito baixo, quando comparado ao que prevalecia nos 12 meses antes da pandemia (0,26% M/M em média até fev/20).

Com a maior parte da alta de preços ocorrendo em itens administrados, como energia elétrica e gasolina, os preços livres tiveram deflação de -0,03% M/M em julho, contra +0,03% M/M em junho. Tanto a inflação de serviços excluindo alimentação e passagem aérea (-0,03% M/M) quanto a de bens industriais (0,07% M/M) ficaram mais baixas em relação ao mês anterior na margem (-0,01% e +0,26%, respectivamente). Em 12 meses, a inflação de serviços subjacentes recuou ligeiramente para 2,62% A/A (contra 2,64% A/A do mês anterior) e a inflação subjacentes de bens industriais ficou negativa (-0,37% A/A) pela primeira vez na história.

A surpresa para baixo no IPCA-15 de julho afeta a projeção para o IPCA fechado do mês, com preço de passagem aérea e alimentação tendo efeito sobre os preços no final do mês (em especial o primeiro, que é praticamente replicado na metodologia do IBGE). Assim, a projeção para o IPCA de junho recuou de 0,52% M/M para 0,40% M/M, com o IPCA ainda devendo desacelerar mais nos próximos meses e terminar o ano em 1,7%.

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