Economic Highlight – varejo (jun/20)

Economic Highlight – varejo (jun/20)

As vendas no varejo subiram 8,0% M/M em junho, bem acima da mediana das projeções do mercado (5,1% M/M), mas abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (9,4% M/M). Essa alta de 8,0% M/M foi uma desaceleração em relação ao crescimento de 14,4% M/M visto no mês anterior (revisto 0,5 pp para cima, de 13,9% divulgado inicialmente), mas ainda assim foi bastante elevado, sendo a segunda maior variação mensal da série histórica. A variação em relação ao mesmo mês do ano anterior foi de 0,6% A/A, voltando a ficar positiva após 3 meses de queda.

As vendas no varejo, após as fortes altas de maio e junho, voltaram ao mesmo nível que o visto em fevereiro, antes da pandemia, ficando até 0,1% acima dele. Esse comportamento é parecido com o visto em países como EUA e membros da Zona do Euro, em que a ajuda governamental via transferências fez a renda permanecer estável ou até subir em relação ao nível pré-pandemia e permitiu que essa parte da economia se recuperasse rapidamente, em formato de “V”. Essa alta no índice geral de varejo, no entanto, é bastante heterogênea entre os grupos que compõem o varejo restrito. Alguns setores estão com vendas acima das vistas antes da pandemia, com Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo estando 8,9% acima, Móveis e eletrodomésticos estando 12,9% acima e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos estando -0,1% abaixo. Por outro lado, alguns setores ainda estão com níveis muito baixos, caso de Vestuário e calçados (-45,8% abaixo do visto em fevereiro), Combustíveis (-15,1% abaixo) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-42,2% abaixo).

Em termos de variação mensal, houve queda apenas em Artigos farmacêuticos (-2,7% M/M), que, no entanto, como mencionado acima, está de volta ao patamar pré-pandemia. Todos os outros grupos tiveram alta. O crescimento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi pequeno, de +0,7% M/M, mas, também como dito acima, as vendas nesses itens superam bastante o nível pré-pandemia. Já Móveis e eletrodomésticos não apenas superou o nível pré-pandemia em 12,9%, como mencionado acima, como teve uma das maiores variações mensais, de 31% M/M. Isso mostra um aumento na propensão para consumir bens duráveis pelas famílias, em especial daquelas que estão recebendo o auxílio emergencial. As vendas de Equipamentos de comunicação e material de escritório, também outra parte dos bens duráveis, tiveram alta de 22,7% M/M em junho, estando 10,8% abaixo do nível de fevereiro.

Houve variações elevadas em Vestuário e calçados (53,2% M/M) e Livros, jornais, revistas e papelaria (+69,1% M/M), mas, como mencionado anteriormente, essas variações ocorreram sobre bases muito baixas e o nível de vendas desses setores ainda está bastante abaixo do normal.

O varejo ampliado teve novamente crescimento mais forte que o varejo restrito, com variação de 12,6% M/M em junho. O setor de veículos teve alta de 35,2% M/M, mas esse crescimento foi sobre uma base ainda muito baixa, com o nível de vendas de junho ainda estando 24,8% abaixo do visto em fevereiro. Por outro lado, as vendas de material de construção seguem com altas fortes na margem (16,6% M/M em junho), mesmo após já terem recuperado o nível visto em fevereiro, com o patamar de junho superando-o em 15,6%. As vendas do varejo ampliado como um todo estão 4,7% abaixo do nível de fevereiro.

Os gastos das famílias com o consumo de bens, dessa forma, já voltaram ao patamar pré-pandemia no varejo restrito, e até já o superam no caso de alguns setores. Essa recuperação deve-se em boa parte ao auxílio emergencial e à redução do distanciamento social. O fim desse auxílio (inicialmente programado para agosto) pode levar a uma queda nas vendas desses segmentos mais beneficiados. A recuperação mais lenta em outros setores também serve de alerta, pois muitos deles são bastante importantes em termos de PIB e de pessoal empregado, podendo atrasar a recuperação da economia como um todo. Isso ficará em maior evidência quando o dado de faturamento de serviços for divulgado amanhã, que deve mostrar ainda queda considerável em relação ao ano passado. A estimativa para o IBC-Br de junho, que deve sair em dois dias, é de 3,6% M/M. Para o ano de 2020, a projeção para as vendas no varejo é de crescimento mais baixo em julho e agosto, com queda em setembro, considerando o cenário em que o auxílio emergencial terminaria nesse mês, e queda de -1,5% para o ano de 2020 como um todo em comparação com 2019.

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