A liberdade do gestor

Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade. Por que no mercado financeiro essa liberdade sem supervisão não pode existir?

Apesar da teoria de gestão de portfólios¹ utilizar como premissa básica que o investidor é racional e sempre tomará a decisão mais racional, empiricamente é possível observar que a tomada de decisão não é sempre a mais racional possível. A teoria comportamental nos diz que um indivíduo pode tomar decisões distintas em razão dos seus sentimentos ou do seu estado de espírito. Uma série de vitórias produz um sentimento de felicidade, fazendo com que o individuo ache que é invencível ou um super-herói. Em Las Vegas, é frente a este sentimento, que na maioria das vezes a banca vence.

Existe uma série de estudos comprovando essa teoria. Em finanças, isso é chamado de Finanças Comportamentais.

Finanças Comportamentais é um ramo das finanças que se dedica ao estudo da influência da psicologia humana nas decisões de investimentos. Um gestor de fundos de investimento, por mais estudo e conhecimento que possua, ainda é um indivíduo que possui sentimentos e aqui começa a gestão de riscos para preservação da relação risco x retorno dos investimentos. Um gestor que subestima a relação risco x retorno pode exagerar a dose e acabar prejudicando seus cotistas, simplesmente pela influência dos fatores emocionais em sua tomada de decisão.

No mercado de fundos de investimentos existem vários casos comprovando essa verdade – fundos vencedores que em determinado momento geraram perdas muito maiores do que deveriam ter, motivadas pela falta de processos de controle de riscos e soberba do gestor.

Como evitar então, que o comportamento humano influencie esse mercado? A gestão deve possuir um controle de risco apurado e alinhado com o mandato (estratégia) do fundo. Limites de perda máxima em determinado período e limites de utilização de VaR (value at risk) são ferramentas fundamentais e eficazes que, se utilizadas em conjunto, evitam o descontrole de uma boa gestão e traduzem no longo prazo, tranquilidade para o investidor.

Uma boa ferramenta de controle de risco é essencial, além de reduzir o risco operacional. O sistema controla todas as posições detidas pelo gestor, dado que o sistema esta imune a variações de comportamento.

¹ Ver Markowitz, 1952, e a teoria moderna dos portfólios

Redator: Fabio Traldi