Ata do COPOM – Outubro/2014

Ata do COPOM – Outubro/2014

Ata do COPOM

A ata da reunião do Copom do final de outubro teve um tom mais hawkish, como seria de se esperar após o início de um novo ciclo de aumento de juros, porém não foi tão hawkish a ponto de acreditar que o Copom tem em mente um ajuste muito grande na Selic (mais de 100 pb).

As perspectivas do Copom para o crescimento da economia brasileira permanecem otimistas, com o Copom acreditando em trajetória de recuperação da atividade no ano que vem. A recuperação dos parceiros comerciais e a depreciação do câmbio devem ajudar as exportações a crescerem mais, contribuindo para um crescimento maior na visão do Copom.

Além dessa perspectiva de maior crescimento no ano que vem, o fator mais importante para a mudança de atitude do Copom foi o ajuste nos chamados preços relativos, que significam em especial taxa de câmbio. Essa se desvalorizou bastante desde a última reunião (o Copom trabalha agora com um cenário de referência de R$/US$ 2,50, contra R$/US$ 2,25 no relatório de inflação) tornando o balanço de riscos para a inflação menos favorável.

A análise do Copom em relação à inflação mostrou algumas diferenças. O Copom já dizia na ata anterior que a razão para a inflação estar tão alta agora era devido aos ajustes de preços relativos na economia (câmbio e administrados). Mas na ata anterior ele dizia que os efeitos defasados da elevação da Selic de 7,25% para 11,00% ainda se fariam sentir e a confiança faria a potência da política monetária ser maior, dessa forma garantindo a convergência da inflação. Toda essa parte mencionada na oração anterior foi cortada na ata atual.

Os modelos do Copom mostraram aumento nas projeções de inflação para 2014, com um sinal mais ambíguo para 2015 (aumento na projeção no cenário de referência e queda no de mercado). Os modelos ainda veem a inflação em trajetória de queda em direção ao centro da meta em 2016 tanto no cenário de referência (Selic constante a 11,00%) quanto no cenário de mercado (que precificava cerca de 100 pb de alta em 2015).

Entretanto, a desvalorização recente do real fez com que alguns membros do Copom achassem que seria oportuno ajustar as condições monetárias de imediato, para garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação no futuro. Essa não é uma visão unânime dentro do Copom, com apenas 5 dos 8 membros votando a favor disso. Os outros 3 disseram que ainda há incerteza em relação à magnitude e à persistência do ajuste nos preços relativos, ou seja, acham que a taxa de câmbio não necessariamente ficaria nesse novo patamar desvalorizado.

Os sinais mais hawkish da ata, portanto, foram em relação à atividade e câmbio. Em contraposição a isso, ainda houve alguns sinais relativamente mais dovish, como as projeções de inflação para os próximos anos e o parágrafo relativo à parte fiscal. Mesmo com toda a deterioração do período recente, o Copom ainda acredita que o balanço do setor público tende a se deslocar para a neutralidade do ano que vem.

No penúltimo parágrafo da ata, o Copom adicionou um especialmente à vigilância que a política monetária deve ter para minimizar os riscos da inflação. Esse especialmente pode aumentar as apostas de aumento de 50 pb na próxima reunião, porém o cenário mais provável segue sendo de 25 pb. O tom geral da ata confirma um ciclo provável de aumento de 100 pb na Selic.

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