Cenário Econômico Brasileiro – 2016

Cenário Econômico Brasileiro – 2016

Cenário Econômico Brasileiro – 2016

I) Retrospectiva 2015

No ano de 2015, o objetivo da política econômica era colocar a casa em ordem, corrigindo os desequilíbrios gerados por uma política que privilegiou o consumo, estimulado pela expansão do crédito oficial e incentivos fiscais. O ano de 2015 seria de ajustes: realinhar preços atrasados, reduzir as intervenções sobre o câmbio e, principalmente, recuperar o esforço fiscal, levando a resultados positivos que estabilizassem a dívida pública.

Ainda que a política econômica traçada estivesse na direção correta, a crescente perda de credibilidade do governo e a corrosão do apoio político no Congresso impediram que as medidas fiscais propostas fossem adiante, resultando em deterioração progressiva das contas públicas. A perspectiva de déficits fiscais crescentes, alimentando a expansão do endividamento público, elevou a percepção de risco da economia brasileira, tornando o real uma das moedas mais depreciadas do mundo em 2015. Em setembro, o reconhecimento por parte do governo da impossibilidade de promover qualquer ajuste positivo nas contas fiscais levou a agência de risco Standard & Poor’s a rebaixar a nota de crédito do Brasil, levando à perda do grau de investimento.

Neste contexto, aprofundou-se a crise de confiança na economia, paralisando os investimentos, derrubando o consumo e elevando o desemprego, em meio a uma inflação em alta, alimentada por um choque de custos decorrente do realinhamento dos preços administrados e da depreciação cambial.

Segundo nossas projeções, o ano de 2015 deve terminar com o PIB recuando 3,7%, inflação superando 10% e um déficit fiscal nominal superior a 10% do PIB.

II) Cenário 2016

Não há nenhum sinal ou movimentação nos campos político e econômico que permita acreditar que 2016 não tenha o mesmo destino de 2015. O impasse político permanece, impedindo o andamento de uma agenda de reformas vitais para destravar os negócios e devolver a confiança aos agentes e a retomada do crescimento.

A recessão herdada de 2015 deve prosseguir. A crise de confiança que tomou conta de empresários e consumidores não dá sinais de reversão. As pesquisas efetuadas junto a indústria, comércio e serviços permanecem apontando níveis recordes de baixa em suas séries históricas. Os indicadores econômicos não dão sinais de estabilização. A produção industrial continua em queda (-10,8% em outubro vis-à-vis igual mês de 2014), assim como as vendas do comércio (-11,5% na mesma base de comparação). A taxa de desemprego, que se situou em 7,9% em outubro, deve atingir dois dígitos em meados do primeiro semestre de 2016.

O setor externo é um ponto positivo diante do quadro de deterioração econômica atual. Reage a um câmbio mais depreciado, se traduzindo em saldos comerciais crescentes, que ao lado da redução dos gastos com serviços tem resultado em diminuição progressiva do déficit em conta corrente: de US$ 105 bilhões ao final de 2014, deve recuar para US$ 60 bilhões em 2015 e US$ 30 bilhões em 2016. A possibilidade de retomada do crescimento do PIB via avanço das exportações líquidas, no entanto, é limitada, tanto pelo pequeno peso que o setor externo tem sobre o PIB brasileiro como pelo fato de que o avanço do superávit comercial ocorre mais devido ao recuo das importações, por conta da recessão interna, do que pela recuperação firme das exportações.

Apesar do aprofundamento da recessão, ampliando o hiato do produto, a inflação não cede. A economia brasileira vivencia uma inflação de custos e de desancoragem das expectativas. O choque de custos por conta dos preços administrados prosseguirá em 2016. Elevação dos preços da energia elétrica, alta dos preços dos combustíveis, do aumento da CIDE e das tarifas etc. devem colocar o IPCA em 6,5%, conforme nossas projeções. Essa alta reflete uma elevação de 9,5% dos preços administrados (17,3% em 2015) e 5,5% dos preços livres, que devem ceder em relação aos 8,1% de 2015, refletindo o enfraquecimento do mercado de trabalho, mas com a queda limitada pela inércia inflacionária.

A taxa Selic encerrou 2015 em 14,25% ao ano, subindo 250 pontos no período. Esse ajuste objetivava impedir que o choque inflacionário decorrente do realinhamento dos preços administrados e da depreciação cambial colocasse em risco objetivo de trazer a inflação para uma trajetória compatível com o centro da meta inflacionária no ano de 2016. No entanto, a continuidade do realinhamento de preços, os impactos sobre os preços decorrentes das medidas do ajuste fiscal e a inércia dos preços impõem um viés de alta para inflação em 2016, em que pese o aprofundamento da recessão doméstica. A mediana das projeções para o IPCA, captada pelo Boletim Focus, situa-se em 6,50%, no teto da meta inflacionária.

Colocar a inflação na meta, diante de um cenário de preços pressionados por custos decorrentes do realinhamento de preços administrados e depreciação cambial, implicaria elevado sacrifício do produto e do emprego, em uma economia já enfraquecida. Essa perspectiva levou o Copom a postergar para 2017 o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta.

O seu objetivo foi postergado, mas a autoridade monetária não se mostra disposta a aceitar o estouro do teto da meta em 2016- o que poderia frustrar seu esforço de trazer a inflação para 4,5% em 2017.

Nossas projeções apontam para o IPCA atingindo 6,5% em 2016. Se corretas, não deixariam muitas alternativas ao BC senão voltar a subir os juros, buscando ancorar as expectativas em torno da meta de 4,5% para a inflação em 2017.

A saída do atual imbróglio político/fiscal que empurra a economia para uma depressão profunda em meio a elevada inflação passa necessariamente pela retomada do esforço fiscal que estabilize a dívida pública em relação ao PIB. Com déficit nominal em torno de 10% do PIB, a dívida bruta encontra-se em trajetória ascendente, podendo superar 70% do PIB no próximo ano.

Um passo importante rumo à superação da atual crise seria a obtenção de amplo acordo político que viabilizasse a aprovação de um orçamento fiscal para 2016 contendo medidas que caminhem na direção da obtenção de um superávit primário de pelo menos 0,70% do PIB, como proposto pelo ministro da Fazenda.

A continuidade da recessão econômica em 2016 deve manter a trajetória de queda das receitas fiscais, que diante do crescimento estrutural das despesas deve resultar em novo déficit fiscal primário no período. Estimamos um déficit de 0,9% do PIB para o resultado primário do setor publico consolidado em 2016, que se seguirá a um déficit primário de 1,6% do PIB em 2015. A dívida pública bruta deverá alcançar níveis próximos de 75% do PIB ao final de 2016.

A recessão deve continuar em 2016. Mesmo que a atividade econômica se estabilizasse a partir do final de 2015, a média do PIB de 2016 seria, aproximadamente, 2,0% inferior ao ano anterior. Como os indicadores não permitem acreditar que a economia possa se estabilizar nos patamares do final de 2015, devendo continuar piorando, o PIB em 2016 deve recuar 3,0%, segundo nossas projeções.

Economia Internacional

O cenário internacional não deverá trazer surpresas para a economia em 2016. O mundo seguirá crescendo, ainda que de forma moderada. O PIB global deve crescer 3,1% em 2015 e 3,4% em 2016.

A China deve continuar no radar de preocupações dos investidores. Em seu processo de rebalanceamento do crescimento econômico, esgotado a estratégia de crescimento baseado nos investimentos em infraestrutura, financiados através de massiva expansão do crédito, a economia perde força, alimento temores quanto a um possível cenário de hardlanding.

Corolário desse quadro é a contínua queda nos preços das commodities, levando a depreciação acentuada das moedas dos países emergentes, enfraquecendo as economias desse grupo de países. Nos últimos meses de 2015, os indicadores econômicos chineses mostram certa acomodação, em resposta às medidas de estímulo monetário adotas pelo banco central chinês (PBoC), sinalizando a estabilização do crescimento chinês. Esse quadro deve estabilizar o mercado de commodities, reduzindo os riscos de uma recessão.

A economia americana deve sustentar um ritmo de crescimento próximo de seu potencia atual. Projeta-se 2,5% para o PIB em 2015 e 2,8% para 2016. A economia mantém crescimento moderado, com baixas taxas de desemprego e sem risco inflacionário.

O FED, banco central americano, deu início ao realinhamento da política monetária americana, iniciando, agora em dezembro, o processo de elevação das taxas de juros de referência, flutuando próxima de 0% desde dezembro de 2008. O movimento deve ser cauteloso e gradual, removendo inicialmente o excesso de estímulos monetário. As altas deverão ser espaçadas, refletindo a preocupações da autoridade monetária americana em evitar turbulências nos mercados que possam colocar em risco o crescimento mundial.

A política de contração monetária americana deve deixar o FED isolado em relação aos principais bancos centrais do mundo. Os bancos do Canadá, Zona do Euro, Inglaterra, Japão e China, entre outros, continuarão mantendo políticas expansionistas, preocupados com a fragilidade do crescimento atual. Ou seja, o cenário de alta liquidez global deve ainda prevalecer ao longo de 2016.

A economia americana deve sustentar um ritmo de crescimento próximo de seu potencia atual. Projeta-se 2,5% para o PIB em 2015 e 2,8% para 2016. A economia mantém crescimento moderado, com baixas taxas de desemprego e sem risco inflacionário.

O FED, banco central americano, deu início ao realinhamento da política monetária americana, iniciando, agora em dezembro, o processo de elevação das taxas de juros de referência, flutuando próxima de 0% desde dezembro de 2008. O movimento deve ser cauteloso e gradual, removendo inicialmente o excesso de estímulos monetário. As altas deverão ser espaçadas, refletindo a preocupações da autoridade monetária americana em evitar turbulências nos mercados que possam colocar em risco o crescimento mundial.

A política de contração monetária americana deve deixar o FED isolado em relação aos principais bancos centrais do mundo. Os bancos do Canadá, Zona do Euro, Inglaterra, Japão e China, entre outros, continuarão mantendo políticas expansionistas, preocupados com a fragilidade do crescimento atual. Ou seja, o cenário de alta liquidez global deve ainda prevalecer ao longo de 2016.

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