Cenário 2018

Cenário 2018

BOLETIM: Cenário para Economia Brasileira em 2018

Em 2017, a economia brasileira conseguiu superar uma das mais profundas recessões da história econômica do país. A boa gestão da política econômica, focada na responsabilidade macroeconômica, destravando a agenda de reformas estruturais, propiciou um choque positivo de confiança nos agentes econômicos, fundamental para recolocar a economia de volta a trilha do crescimento. A retomada deu-se em um ambiente de inflação controlada, juros em baixos patamares históricos e contas externas saudáveis. Contou também, com o progressivo fortalecimento da economia global, em um ambiente de elevada liquidez internacional.

A economia brasileira ganhará tração em 2018. Projetamos expansão de 3,0% para o PIB, após o crescimento esperado de 1,0% para 2017. As forças motrizes do crescimento serão o consumo das famílias e os investimentos. Os fundamentos do consumo mostram-se sólidos. O mercado de trabalho se fortalece, com a elevação da população ocupada, dando sustentação ao aumento da massa de salários da economia. A inflação baixa, por sua vez, contribui para a sustentação do ganho da renda real, garantindo o poder de compra dos salários. Outro fundamento importante se constitui na expansão do crédito, puxado pelas pessoas físicas. A redução do nível de endividamento das famílias, favorecida pela queda das taxas de juros e aumento gradual dos prazos de financiamento, abriu espaço para firme expansão dos empréstimos.

Os investimentos, que vinham recuando desde 2014, devem voltar a crescer, se constituindo em um importante determinante do crescimento em 2018. O setor de máquinas e equipamentos já mostra reação desde o segundo semestre do ano passado, refletindo a maior demanda do setor agropecuário, enquanto a construção civil e infraestrutura devem ganhar força ao longo dos próximos meses. A incerteza eleitoral e o elevado nível de ociosidade presente na economia permanecem como os maiores obstáculos para um avanço mais rápido dos investimentos.

A inflação deve continuar correndo abaixo do centro da meta prevista para este ano (4,5%). A ociosidade de fatores presente na economia, principalmente no mercado de trabalho, deve permitir o avanço da demanda sem maiores pressões sobre os preços. O quadro inflacionário será marcado pela desaceleração dos preços administrados (principal fator de alta em 2017), por conta da inércia positiva decorrente da baixa inflação no ano passado, enquanto os preços livres devem mostrar alta moderada, devido à recomposição dos preços dos alimentos. A inflação medida pelo IPCA deve ficar próxima de 4,0%, subindo em relação a 2,95% de 2017.

O ambiente de inflação correndo abaixo do centro da meta, em meio a uma economia que ainda exibe hiato positivo deverá levar o Banco Central (BC) a manter o caráter expansionista da política monetária ao longo do ano, favorecendo o crescimento da economia. Pelo nosso cenário, o BC deverá reduzir a Selic para 6,75% em sua reunião de fevereiro, devendo mantê-la nesse patamar pelo restante do ano.

Pelo lado fiscal, o quadro ainda preocupa. Os déficits prosseguem e a dívida pública permanece em alta. Prevalece, contudo, a confiança de que o governo deve seguir com as reformas, principalmente da Previdência, o que permitiria o reequilíbrio das contas públicas ao longo dos próximos anos. Peça fundamental para a preservação da confiança dos agentes e consolidação da retomada do crescimento.

A economia brasileira continuará contando com um ambiente externo favorável. A economia mundial continuará crescendo de forma robusta e disseminada, sem pressões inflacionárias relevantes. Os principais bancos centrais devem continuar retirando os estímulos monetários de maneira gradual. Na China, a política de rebalanceamento da economia deve continuar, mantendo o cenário de desaceleração moderada do crescimento econômico. O ambiente continuará favorável aos preços das commodities, favorecendo as exportações e evitando movimentos bruscos de depreciação da taxa de câmbio.

O cenário para economia brasileira é positivo, mas não isento de riscos. As incertezas que cercam o cenário eleitoral deste ano e suas consequências para a necessidade de ajuste das contas públicas se constituem em limitativos a um crescimento econômico mais robusto em 2018. No âmbito externo, risco maior concentra-se na possibilidade de uma alta de juros mais intensa nos Estados Unidos, fruto da combinação de expansionismo fiscal e mercado de trabalho apertado, alimentando pressões inflacionárias. Ambas as ameaças resultariam em elevação dos prêmios de riscos país, com consequente desvalorização cambial, pressionando a inflação e a taxa de juros, resultando em frustração do crescimento da economia.

Redator: Newton Rosa
Economista Chefe SulAmérica Investimentos

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