Comércio Varejista – Março

Comércio Varejista – Março

Comércio varejista – março

15/05/13

As vendas no varejo em março tiveram mais uma vez um mês de contração (-0,1% M/M), após já terem recuado 0,5% M/M em fevereiro. A queda nas vendas de março foi menos intensa que a expectativa do mercado (-0,5% M/M), porém ela foi contra a projeção da SulAmérica Investimentos, que era de alta de 0,3% M/M. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve variação de 4,5% A/A, em linha com a projeção da SulAmérica Investimentos e com o cenário de crescimento menor que se desenha para as vendas no varejo no ano em relação ao ano anterior.

Houve desempenho bem divergente entre os setores do comércio varejista, em especial do comércio varejista restrito. Na variação M/M, os setores que mostraram crescimento foram Vestuário, Combustíveis, Móveis e eletrodomésticos e Outros artigos de uso pessoal. As variações positivas desses setores foram compensadas pelas variações negativas em Material para escritório, Livros e papelaria, Artigos farmacêuticos e Supermercados e alimentos. Na variação A/A, cerca de 75% do crescimento de 4,5% do comércio restrito é explicado pelas contribuições dos setores de Supermercados e alimentos e Outros artigos de uso pessoal. Isso mostra que o crescimento do varejo nesse patamar está muito concentrado em poucos setores, sendo que um deles (supermercados e alimentos) está com variações cada vez mais baixas, devido à alta dos preços relativos de alimentos em comparação com outros bens.

As vendas de bens duráveis (como móveis, eletrodomésticos e computadores) também estão crescendo menos nos últimos meses devido aos piores preços relativos. O aumento de preço relativo é resultado do fim da isenção do IPI sobre certos itens e do aumento dos custos de importação com a equalização das taxas de ICMS nos portos e desvalorização cambial. As taxas de crescimento podem desacelerar menos no futuro, devido à prorrogação do IPI nas taxas atuais até o fim do ano. Outro fator que pode resultar num maior crescimento das vendas de eletrodomésticos é o incentivo para adquirir eletrodomésticos anunciado pela presidente no dia 1º de maio para os beneficiados pelo programa Minha Casa Minha Vida. No entanto, a tendência de taxas de crescimento em 12 meses menores do que nos meses anteriores deve ainda se consolidar, com essas medidas servindo mais para evitar que a queda se acentue.

Para o ano de 2013 as vendas no varejo devem seguir mostrando crescimento, porém mais fraco de forma geral devido ao menor aumento nominal do salário mínimo (9% nesse ano contra 14% no ano passado) e à inflação mais elevada (que tem efeito em especial para as classes de menor renda). O desempenho fraco das vendas no varejo no começo do ano já é um sinal que confirma essa expectativa: as vendas tiveram variação negativa, de -0,5% T/T anualizado no 1º trimestre (essa foi a primeira variação negativa desde o 4º trimestre de 2008). No cálculo comparando as variações acumuladas no ano até março também é possível perceber uma forte desaceleração nas vendas no varejo em geral (de 10,3% em 2012 para 3,5% em 2013), sendo que alguns setores mostraram taxas em 2013 que são menos de 1/5 das vistas em 2012 (supermercados e alimentos, móveis e eletrodomésticos e material para escritório em especial). As vendas no varejo devem apresentar crescimento real de 3,8% em 2013, bem menor do que o visto nos últimos anos (foi de 8,4% em 2012) e mais próximo do crescimento esperado para a produção industrial do ano (2,8%).

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