Crédito – Novembro

Crédito – Novembro

Crédito – novembro

O saldo de crédito no Brasil em novembro teve taxa de crescimento de 16,1% A/A, mais baixa que a vista no mês anterior (16,6%), e em linha com a desaceleração do crescimento do crédito que tem ocorrido desde o final de 2010. O saldo de crédito sobre o PIB no Brasil segue crescendo, uma vez que o crédito está desacelerando menos do que o PIB nominal.

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A desaceleração do crédito no Brasil está ocorrendo nos últimos meses devido à maior aversão ao risco dos bancos privados, que, com o aumento da inadimplência visto nos empréstimos concedidos desde 2010, têm restringido o aumento da sua carteira de empréstimos. O saldo do crescimento do crédito dado pelos bancos privados nacionais seguiu em desaceleração em novembro, mostrando agora crescimento nominal de 6,4% A/A, o nível mais baixo desde 2009. O maior crescimento visto no saldo total ocorreu devido à ação dos bancos públicos, que têm expandido sua carteira de empréstimo por ordem do governo federal para tentar conter a desaceleração da economia.

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Essa ação dos bancos públicos tem surtido efeito sobre as taxas de aplicação (as taxas cobradas) dos empréstimos para pessoas físicas, que têm recuado nos últimos meses. Em novembro essas taxas tiveram nova queda, ficando em 34,8% a.a., novo recorde de baixa da série histórica. Uma parte da queda das taxas de juros ocorreu devido à queda nos juros básicos da economia feita pelo Banco Central (redução da Selic de 12,50% a.a. em jul/12 para 7,25% a.a. em out/12), porém outra parte foi devido à queda dos spreads, resultado dessa maior oferta de crédito pelos bancos públicos.

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O prazo das operações de crédito também é um indicador importante para se conhecer a acessibilidade do crédito para as pessoas físicas, uma vez que tem impacto sobre o tamanho da parcela. O prazo de crédito no Brasil cresceu nos últimos meses, porém basicamente apenas na categoria do crédito imobiliário (que tem participação pequena no total). O prazo de crédito para aquisição de veículos está se reduzindo desde 2010, devido às medidas macroprudenciais e à maior cautela dos bancos para emprestar nesse segmento devido à alta inadimplência. As outras formas de crédito para pessoa física não tem mostrado variação relevante no prazo desde a metade de 2010.

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A taxa de inadimplência das pessoas físicas subiu bastante entre janeiro e maio. Essa alta da inadimplência, resultante do endividamento excessivo de determinados segmentos da população, tem arrefecido desde então. A taxa de inadimplência ficou estável entre junho e outubro e mostrou um pequeno sinal de queda (de 7,9% para 7,8%) em novembro. Os atrasos entre 15 e 90 dias, um indicador antecedente da inadimplência está em queda desde março desse ano. A demora da inadimplência de acompanhar os atrasos entre 15 e 90 dias deve-se a esses empréstimos para setores mais endividados da população, que ocorreu em especial em 2010. À medida que esses créditos vão vencendo, a inadimplência geral deve cair.

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As concessões de crédito totais (para pessoa física e jurídica) mostraram queda em termos reais e dessazonalizados em novembro. As concessões para pessoa física também não mostraram crescimento, apesar de uma melhora na média móvel de 3 meses. Houve melhora nas concessões de crédito apenas para alguns setores, em especial crédito imobiliário, que não um problema de inadimplência tão grande quanto outros setores.

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Os dados de crédito, portanto, seguem mostrando desaceleração, tanto no saldo quanto nas novas concessões. Esse arrefecimento do crescimento do crédito afetou o crescimento da economia como um todo, uma vez que impediu um maior crescimento do consumo das famílias. A razão para esse arrefecimento, mesmo com os juros básicos tendo sofrido uma grande queda, é a relutância do setor financeiro privado em conceder novos empréstimos. Essa relutância pode diminuir à medida que a inadimplência comece a mostrar sinais mais sólidos de queda.

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