Crédito – Outubro/2012

Crédito – Outubro/2012

Crédito – outubro

29/11/12

O saldo de crédito no Brasil em outubro teve taxa de crescimento de 16,6% A/A, acima da vista no mês anterior (15,9%), porém essa alta ocorreu devido ao efeito da greve dos bancários no mês de setembro. A taxa de crescimento de outubro ainda é menor que a vista em agosto (17,1% A/A), indicando que o crescimento do crédito no Brasil ainda está desacelerando.

A desaceleração do crédito no Brasil está ocorrendo nos últimos meses devido à maior aversão ao risco dos bancos privados, que, com o aumento da inadimplência visto nos empréstimos concedidos desde 2010, têm restringido o aumento da sua carteira de empréstimos. O saldo do crescimento do crédito dado pelos bancos privados nacionais seguiu em desaceleração em outubro, mostrando agora crescimento nominal de 6,3% A/A, o nível mais baixo desde 2009. O maior crescimento visto no saldo total ocorreu devido à ação dos bancos públicos, que têm expandido sua carteira de empréstimo por ordem do governo federal para tentar conter a desaceleração da economia.

Essa ação dos bancos públicos (e, mais recentemente, dos privados) tem surtido efeito sobre as taxas de aplicação (as taxas cobradas) dos empréstimos para pessoas físicas, que têm recuado nos últimos meses. Em outubro essas taxas tiveram nova queda, ficando em 35,4% a.a.. Uma parte da queda das taxas de juros ocorreu devido à queda nos juros básicos da economia feita pelo Banco Central (redução da Selic de 12,50% a.a. em jul/12 para 7,25% a.a. em out/12), porém outra parte foi devido à queda dos spreads, resultado dessa maior oferta de crédito pelos bancos públicos.

O prazo das operações de crédito também é um indicador importante para se conhecer a acessibilidade do crédito para as pessoas físicas, uma vez que tem impacto sobre o tamanho da parcela. O prazo de crédito no Brasil cresceu nos últimos meses, porém basicamente apenas na categoria do crédito imobiliário (que tem participação pequena no total). O prazo de crédito para aquisição de veículos está se reduzindo desde 2010, devido às medidas macroprudenciais e à maior cautela dos bancos para emprestar nesse segmento devido à alta inadimplência. As outras formas de crédito para pessoa física não tem mostrado variação relevante no prazo desde a metade de 2010.

A taxa de inadimplência das pessoas físicas subiu bastante entre janeiro e maio. Essa alta da inadimplência, resultante do endividamento excessivo de determinados segmentos da população, tem arrefecido desde então, com a inadimplência tendo ficado estável (num patamar elevado) desde então. Os atrasos entre 15 e 90 dias, um indicador antecedente da inadimplência, caíram nos últimos meses, porém deve demorar um pouco para os problemas com os empréstimos passados serem limpados completamente do sistema financeiro.

As concessões de crédito para pessoa física voltaram a mostrar alta em outubro, após terem caído (em termos reais, dessazonalizados e levando em conta o número de dias úteis) nos últimos meses. As concessões reais ainda não estão mostrando crescimento consistente, sendo esse um dos fatores responsáveis pela desaceleração do crescimento econômico nos últimos trimestres, uma vez que o crédito era um dos responsáveis pelo crescimento do consumo.

Os dados de crédito, portanto, seguem mostrando arrefecimento, a despeito da aceleração vista no crescimento do saldo e das concessões em relação a setembro. Essa aceleração é devida ao efeito da greve dos bancários no mês anterior, que causou alguma distorção nos dados, porém não parece ter mudado a tendência. A inadimplência elevada, mesmo que estável, segue impedindo o aumento do crédito privado, fazendo com que praticamente apenas os bancos públicos sejam responsáveis pelo aumento do saldo.

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