Crédito – setembro

Crédito – setembro

Crédito – setembro

29/10/13

A desaceleração no crescimento do saldo de crédito prosseguiu em setembro, com esse mês mostrando uma desaceleração mais intensa que a dos anteriores (de 16,1% A/A em agosto para 15,7% A/A), porém essa desaceleração pode estar exagerada nos dados devido à grave dos bancários, que pode ter criado um viés para baixo nas concessões e no saldo no período.

Em termos de controle de capital, a desaceleração foi mais intensa no crédito concedido por instituições públicas, cuja variação A/A passou de 28,1% A/A para 26,5% A/A. As instituições públicas podem ter sido mais afetadas pela greve dos bancários, mas ainda assim era possível ver antes de setembro uma leve tendência de desaceleração nesse crédito. Além disso, houve uma surpreendente aceleração no crescimento do crédito privado na comparação A/A, de 6,0% para 6,5%, puxada em especial pelo crédito privado estrangeiro.

O saldo de crédito em setembro foi de R$ 2,497 tri, equivalente a 55,58% do PIB. Houve avanço em relação ao número do mês anterior (55,50%), decorrente em especial do crescimento do crédito do setor público (de 28,13% para 28,16% do PIB) e do crédito das instituições privadas estrangeiras (de 8,61% para 8,69%). Em compensação houve queda no saldo de crédito das instituições privadas nacionais como porcentagem do PIB. De forma geral, o crescimento do crédito no Brasil ainda se concentra muito no setor público, mesmo com a desaceleração vista nos últimos meses. São necessários mais meses de dados para que essa tendência possa ser considerada revertida.

A taxa de inadimplência dos empréstimos (atrasos acima de 90 dias) subiu levemente em setembro em relação ao mês anterior para o crédito em geral. No caso mais específico do crédito concedido às pessoas físicas, a inadimplência ficou estável em 7,0%, sendo que houve uma revisão no dado anterior para baixo (para 7,0%), indicando mais um mês de estabilidade. De forma geral, a inadimplência segue em sua tendência de queda mas está ainda levemente acima da sua média histórica, no caso do crédito do setor privado. A retomada das concessões desse crédito deve acontecer quando a inadimplência tiver retornado à média.

As concessões de crédito em setembro mostraram recuo de 1,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, no dado já ajustado pela inflação. Essa queda provavelmente decorreu da greve dos bancários, que afetou, por exemplo, o dado de agosto do ano passado, que também mostrou queda, sendo que os dados dos outros meses apontam ou estabilidade ou crescimento em termos reais.

As taxas de juros cobradas pelos empréstimos seguem com uma leve tendência de alta, mesmo com o spread entre as taxas de captação e de aplicação em queda. Esse aumento das taxas de juros finais deve-se ao aumento da taxa de captação, que decorre do aumento da taxa Selic feito pelo Copom desde abril.

Não se pode depreender muito dos dados de setembro devido à greve dos bancários, que pode ter deturpado os dados do mês, porém já era possível ver uma leve tendência de desaceleração no crédito concedido pelas instituições públicas nos últimos meses. Isso vem em linha com o que autoridades como o ministro da Fazenda Guido Mantega tem dito que irá ocorrer daqui para frente. Houve um pequeno aumento no saldo de crédito das instituições privadas, em especial das estrangeiras, e a taxa de inadimplência do seu saldo de crédito caiu ainda mais, ficando mais próxima da média histórica. Não é possível, no entanto, imaginar que a tendência dos últimos meses mudou e que o crédito privado pode ter crescimento forte daqui para frente, dado o aumento nos juros e a baixa confiança que existe nos agentes da economia brasileira.

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