Desemprego – Janeiro

Desemprego – Janeiro

Desemprego – janeiro

26/02/13

A taxa de desemprego brasileira, de acordo com o IBGE, ficou em 5,4% em janeiro, acima da mediana das expectativas de mercado, de 5,2%. A taxa de desemprego, dessa forma, ficou apenas 0,1 pp abaixo da vista no mesmo mês do ano anterior (5,5% em jan/12).

A taxa de desemprego dessazonalizada, calculada pela SulAmérica Investimentos, ficou em 5,6% em janeiro, mostrando ligeira em relação ao mês anterior. A taxa de desemprego dessazonalizada atingiu seus patamares mínimos (em torno de 5,3%) na metade de 2012. Desde então ela tem subido de forma bastante lenta, porém já indicando uma pequena mudança na ociosidade do mercado de trabalho. Ainda assim deve-se destacar que ela ainda está bem abaixo da taxa de desemprego neutra (NAIRU), de acordo com os cálculos da SulAmérica Investimentos. O mercado de trabalho está num nível em que ele alimenta a inflação (em especial de serviços), porém essa contribuição inflacionária está ficando menor.

A diferença entre as taxas de crescimento do pessoal ocupado e da PEA (oferta de trabalho) tem ficado menor ao longo dos últimos meses, tanto na comparação A/A quanto na comparação M/M. Na margem (M/M) a taxa de crescimento do pessoal ocupado tem mostrado desaceleração considerável, condizente com a desaceleração do crescimento econômico vista ao longo de 2012.

Ao contrário do que era de se imaginar, a oferta de trabalho brasileira (medida pela razão entre pessoas empregas e procurando emprego – PEA – e a quantidade total de pessoas em idade ativa – PIA) conseguiu aumentar bastante no final do ano passado, ultrapassando as máximas históricas. O aumento dessa relação provavelmente está relacionado ao aumento da renda paga pelo trabalho, devido à escassez de mão de obra, que fez pessoas fora do mercado de trabalho entrarem nele. Entretanto, é difícil imaginar que essa relação siga subindo, dado o padrão histórico, a não ser que o crescimento da renda acelere ainda mais.

A baixa ociosidade no mercado de trabalho resulta que os trabalhadores têm conseguido reajustes consideráveis nos seus salários, com fortes impactos sobre a inflação (no caso do setor de serviços, em que o repasse pode ser quase integral) ou perda de competitividade e market share (no caso de bens industriais, em que o repasse é dificultado pela competição das importações). A renda real habitualmente recebida chegou a mostrar alguma queda na margem nos últimos dois meses, porém ainda assim mostra ganhos consideráveis em relação ao mesmo mês do ano anterior e em 12 meses, não condizente com o ganho de produtividade por trabalhador que tem sido visto na economia (que é cada vez menor, dado o baixo crescimento do PIB).

O crescimento forte do pessoal ocupado e o aumento dos ganhos reais de renda têm ajudado a aumentar também o crescimento da massa salarial real. O crescimento desta na comparação em 12 meses alcançou 6,3% em janeiro. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no entanto, a taxa de crescimento enfraqueceu um pouco, porém ainda está em patamar bastante elevado (5,6%).

Os dados do mercado de trabalho nos últimos meses têm mostrado alguma desaceleração na margem. A taxa dessazonalizada de desemprego tem subido levemente e o crescimento da renda tem desacelerado um pouco em algumas comparações. O mercado de trabalho continua operando em níveis não condizentes com uma inflação de serviços estável, porém a discrepância entre oferta e demanda parece ter diminuído.

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