Desemprego – Junho

Desemprego – Junho

Desemprego – Junho

24/07/13

A taxa de desemprego brasileira, de acordo com o IBGE, ficou em 6,0% em junho, acima da mediana das expectativas de mercado e da projeção da SulAmérica Investimentos (ambas em 5,8%). A taxa de desemprego, dessa forma, ficou acima da vista no mesmo mês do ano anterior. A comparação em relação ao mesmo mês do ano anterior mostra que a época de recordes de baixa de taxa de desemprego deve ter ficado para trás, à medida que a taxa de desemprego começa a subir, respondendo ao cenário de desaceleração do crescimento econômico.

A taxa de desemprego dessazonalizada, calculada pela SulAméricaInvestimentos, ficou em 5,7% em junho. A taxa de desemprego tem subido nos últimos meses, uma tendência que deve continuar ao longo do segundo semestre, devido à desaceleração econômica, como já foi mencionado acima.

A taxa de desemprego tem subido nos últimos meses devido a um crescimento mais fraco do pessoal ocupado. A variação do pessoal ocupado foi negativa em dois dos últimos 4 meses (quando se leva em conta o dado dessazonalizado pela SulAmérica Investimentos) e foi próxima de zero nos dois outros meses. Enquanto isso, a taxa de crescimento da PEA (oferta de trabalho) tem sido maior, em especial nesse último mês de junho. A razão entre pessoal ocupado e PIA (a oferta máxima de trabalho, dada pela população em idade ativa) tem ficado estável em torno de 54,0% nos últimos meses, um patamar baixo em relação ao histórico recente. O patamar também é baixo quando comparado com a razão entre PEA e PIA, que subiu nos últimos meses, levando a esse aumento da taxa de desemprego.

O rendimento médio dos trabalhadores ainda tem subido em termos nominais, porém nos últimos meses esse aumento tem sido menor que o da inflação. A renda real habitualmente recebida teve um pico em novembro de 2012, e desde então está em leve queda.

Pressões inflacionárias ligadas à desvalorização do câmbio estão se acumulando nas últimas semanas. O efeito do câmbio nos preços é sentido em especial nos bens industriais e nos alimentos tradeables. Os primeiros ainda estão respondendo à desvalorização anterior (de R$/US$ 1,70 para R$/2,00), que ocorreu no ano passado. Caso a taxa de câmbio permaneça desvalorizada, é possível prever que esses preços ficarão ainda mais pressionados, em especial no final desse ano e no ano que vem.

Devido a esse aumento da inflação, que tem impedido que ganhos nominais de rendase traduzam em ganhos reais, e à desaceleração da criação de empregos, a massa salarial real tem também mostrado crescimento menor. Ela também atingiu seu pico em novembro de 2012 e desde então tem alternado meses de queda com meses de fraquíssimo crescimento. Em termos dessazonalizados houve queda nos dois primeiros trimestres desse ano na massa salarial real.

A taxa de crescimento da massa salarial real em 2013 deve ser a menor dos últimos anos, devendo ficar abaixo de 3% (contra 6,2% em 2012). A desaceleração econômica e a menor confiança dos empresários devem fazer a criação de empregos desacelerar ainda mais, resultando em aumento da taxa de desemprego ao longo do segundo semestre. A renda real pode ainda ter pequenos avanços ao longo do segundo semestre, devido a menores surpresas inflacionárias, porém a maior ociosidade no mercado de trabalho deve evitar que os trabalhadores tenham ganhos de renda tão alto quanto no passado.

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