Desemprego Março 2014

Desemprego Março 2014

Desemprego Março 2014

A taxa de desemprego medida pelo IBGE em março ficou em 5,0%, abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (5,5%) e da mediana das projeções do mercado (5,4%). Esse é o menor valor já vista na série histórica para um mês de março, sendo 0,7 pp abaixo do visto em mar;13 (5,7%). No acumulado do ano, a taxa de desemprego média está em 5,0%, número também bem abaixo do visto nos primeiros três meses de 2013 (5,6%) e dos anos anteriores. Em termos dessazonalizados, a taxa de desemprego bateu recorde histórico de baixa, estando em 4,8% de acordo com os cálculos da SulAmérica Investimentos.

A taxa de desemprego brasileira caiu em relação ao mês anterior (5,1%) devido à uma queda mais forte na oferta de trabalho (PEA), de -0,3% M/M, do que no número de trabalhadores (-0,2% M/M). Antes de 2013, o normal era ocorrer um aumento na PEA em termos M/M entre março e fevereiro (de 0,7% M/M em média), só que houve quedas em 2013 (-0,1% M/M) e 2014.

A taxa de desemprego seguiu em queda em março, portanto, devido à menor oferta de mão de obra. O número de empregados está em queda na comparação M/M e estável na comparação A/A, porém isso apenas mostra como a oferta de mão de obra está sendo um fator restritivo sobre o crescimento do pessoal ocupado como um todo. A variação em 12 meses do pessoal ocupado, por exemplo, está em 0,2% em março, um número não apenas menor que o visto em 2009 (0,7%), época em que havia grande crise internacional, como também o menor número em toda a série histórica (que tem início em 2002). Recordes históricos de baixa no crescimento de pessoal ocupado e na taxa de desemprego só podem ser conciliados num cenário em que a oferta de mão de obra também está caindo e sendo um fator restritivo ao crescimento do emprego.

A menor oferta de mão de obra nos últimos meses (variação A/A negativa na PEA desde out/13) decorre de mudanças nas decisões das pessoas em ofertar trabalho. A PIA (população em idade ativa, oferta máxima de emprego) segue crescendo entre 1,0% A/A e 1,2% A/A, patamar condizente com a transição demográfica que tem sido vista nos últimos anos. A queda na PEA, portanto, decorre da menor vontade da população em idade ativa em ofertar trabalho, decisão que advém de fatores como postergação da entrada no mercado de trabalho da população jovem (que tem mais acesso ao estudo secundário e superior e maior renda familiar). A razão entre PEA e PIA ficou em 56,4% em mar/14, o número mais baixo desde out/09 (quando foi 56,3%, mas devido ao desalento).

A alta ociosidade do mercado de trabalho tem resultado em aumento da renda nominal e real acima dos ganhos de produtividade. A renda nominal teve uma desaceleração em termos M/M, porém seguiu crescendo acima de 9,0% em termos A/A em março (9,2%). A renda real também está crescendo mais no começo do ano de 2014 (3,0% A/A em mar/14) do que na média de 2013 (1,8%).

A variação muito baixa do pessoal ocupado tem resultado em menor crescimento da massa salarial real, mesmo com os aumentos na renda média. A massa salarial teve crescimento de 2,6% no acumulado em 12 meses terminado em mar/14, número bem abaixo dos vistos antes de 2013 (6,0% na média de 2011-2012). O menor crescimento da massa salarial real é uma das razões para o menor crescimento das vendas no varejo nos últimos meses.

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