Desemprego – novembro

Desemprego – novembro

Desemprego – Novembro

19/12/13

A taxa de desemprego brasileira, de acordo com o IBGE, ficou em 4,6% em novembro, abaixo da mediana das expectativas de mercado (4,9%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (4,8%). Essa é a menor taxa de desemprego da série histórica (empatada com a taxa de dezembro de 2012, que também foi 4,6%), sendo, portanto, a menor taxa para um mês de novembro de toda a série histórica.

A taxa de desemprego dessazonalizada, calculada pela SulAmérica Investimentos, ficou em 5,1% em novembro, também um recorde histórico. A taxa de desemprego, dessa forma, para de rondar em torno de 5,5%, algo que ela vinha fazendo desde junho de 2012.

A queda na taxa de desemprego entre outubro e novembro decorreu da queda na oferta de trabalho (pessoal economicamente ativo, PEA). No mês de novembro a PEA teve queda de 0,5% M/M, enquanto o pessoal ocupado teve alta de 0,1% M/M, a segunda mais baixa para um mês de novembro na série histórica, perdendo apenas para a de 2008, quando os efeitos da crise financeira internacional estavam sendo sentidos.

O pessoal ocupado brasileiro está em queda na comparação A/A já há alguns meses, sendo que a queda chegou a -0,7% A/A em novembro. Só que essa queda está sendo acompanhada pela queda na PEA também na comparação A/A, sendo que essa está sendo mais intensa (chegou a -1,0% A/A em novembro).

Por mais que a queda na taxa de desemprego não esteja decorrendo de um aumento da população ocupada, ela ainda é preocupante, pois parece estar tendo efeito sobre a renda dos trabalhadores mesmo assim. A renda habitualmente recebida subiu consideravelmente desde julho, cerca de 6,3% em termos nominais e 4,7% em termos reais.

A desaceleração no crescimento da renda, que estava sendo vista no começo do ano devido à inflação elevada, parece ter sido interrompida. O crescimento nominal interanual da renda passou de 7,2% A/A em outubro para 8,6% A/A em novembro. Em termos reais o crescimento passou de 0,8% A/A em junho para 3,0% A/A em novembro. O crescimento da renda em 2013 quando comparado com 2012 como um todo deve ser o mais baixo dos últimos anos (em torno de 1,8%, contra 4,1% em 2012), porém com uma clara aceleração nos últimos meses do ano.

O pessoal ocupado também desacelerou consideravelmente em 2013. Enquanto houve crescimento de 2,2% em 2012, 2013 deve mostrar expansão de 0,8%, a mais baixa desde 2009 (ano em que a crise internacional afetou o mercado de trabalho).

A combinação de crescimento baixo do pessoal ocupado com crescimento baixo (na média do ano) de renda deve fazer a massa salarial ter a menor expansão dos últimos anos em 2013, em torno de 3,0% (comparada com 6,2% em 2012).

O menor aumento real do salário mínimo em 2014 (cerca de 1,0%) deve fazer a renda manter crescimento baixo em 2014. O pessoal ocupado também deve ter crescimento baixo, em torno de 1,0%, dado que a oferta de trabalho dificilmente vai crescer mais que isso (a oferta máxima de trabalho, a PIA, população em idade ativa, já está crescendo em torno de 1,0% A/A ao longo desse ano). Além disso, é esperado crescimento menor em 2014 do que em 2013 para o PIB, dessa forma sendo difícil que o pessoal ocupado mostre expansão maior em 2014 do que em 2013. Tudo isso deve significar que a massa salarial real deve ter outro ano de expansão baixa em 2014, entre 2,5% e 3,0%.

O dado de emprego de novembro foi preocupante. A taxa de desemprego voltou a cair, ficando no menor nível da série histórica tanto na série original quanto na dessazonalizada. Essa queda está ocorrendo pela menor oferta de trabalho, dado que o emprego também está caindo. Mesmo com o emprego em queda, a renda real está crescendo bastante nos últimos meses, sendo isso um fator de preocupação para a inflação de serviços. Mesmo que a renda real siga crescendo em ritmo acelerado no ano que vem, o cenário de menor aumento da massa salarial real dificilmente deve ser modificado, dado os limites para a expansão no emprego. Um maior aumento da renda, dessa forma, se traduziria mais em inflação do que em aumento de atividade.

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