Desemprego – setembro

Desemprego – setembro

Desemprego – setembro

24/10/13

A taxa de desemprego brasileira, de acordo com o IBGE, ficou em 5,4% em setembro, acima da mediana das expectativas de mercado (5,3%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (5,2%).

A taxa de desemprego dessazonalizada, calculada pela SulAmérica Investimentos, ficou em 5,4% em setembro, mostrando leve alta em relação ao dado de agosto (5,3%). De forma geral, é possível distinguir três períodos na história recente da taxa de desemprego no Brasil. Entre março de 2009 e setembro de 2010 houve forte queda na taxa, com a forte recuperação após a crise de 2008/2009. Entre setembro de 2010 e junho de 2012 houve mais queda na taxa de desemprego, mas a um ritmo menor, uma vez que o crescimento econômico se desacelerou nesse período. E desde junho de 2012 até agora a taxa de desemprego, apesar de alguma volatilidade nos dados mensais, está basicamente estável em torno de 5,5%. É possível dizer que o mercado de trabalho no Brasil está no pleno emprego e que é muito difícil que a taxa de desemprego caia mais no curto prazo.

O aumento na taxa de desemprego entre agosto e setembro desse ano se deveu a um crescimento maior do pessoal economicamente ativo (a oferta de trabalho) no último mês. O pessoal ocupado mostrou queda no mês de setembro, mas, basicamente, está estável desde o 3º trimestre do ano passado em termos dessazonalizados. Em números absolutos, o pessoal ocupado se estabilizou em torno de pouco mais de 23 milhões de pessoas, com alguma volatilidade nos dados mensais.

A desaceleração do crescimento do pessoal ocupado na pesquisa mensal do IBGE pode ser contrastada com a aceleração da criação de vagas de trabalho no dado do CAGED (divulgado na semana passada, que chegou a 220 mil vagas em setembro). Esse contraste provavelmente se deve à diferença na amostra pesquisada (o Brasil inteiro no caso do CAGED, contra apenas seis regiões metropolitanas no caso do IBGE) e no fato de que o CAGED se refere apenas ao emprego formal, enquanto o desemprego do IBGE engloba empregos informais também. Os dados do IBGE também apontam mais queda na taxa de informalidade no mercado de trabalho.

O rendimento nominal médio dos trabalhadores teve mais um mês de crescimento (1,3% M/M), após já ter se expandido em agosto (1,9% M/M). Em termos reais, a renda, que estava recuando desde o começo do ano devido à alta inflação (e devido à queda do rendimento nominal no mês de julho), teve avanço considerável em agosto (1,7% M/M) e setembro (1,0% M/M). A renda real teve esses aumentos nesses meses porque a inflação ficou mais baixa nesse período. No começo do ano, a renda real estava em queda, pois os aumentos nominais eram mais baixos que a inflação, que sempre surpreendia para cima.

A massa salarial real estava em queda no começo do ano devido ao menor crescimento da renda real. Com a estabilização dessa renda, o crescimento da massa salarial também mostrou sinais de melhora, em especial na variação A/A. O crescimento em 12 meses deve se estabilizar em torno de 4,0% agora.

O mercado de trabalho na economia brasileira está funcionando há bastante tempo em patamares que podem ser considerados de pleno emprego, com consequências para a inflação (em especial para a inflação de serviços, que fica em torno de 8,5% A/A devido a isso). A taxa de desemprego brasileira deve subir no médio prazo, à medida que a taxa de crescimento se desacelere (a expectativa é de crescimento menor da economia no ano que vem comparado a esse). Entretanto, a alta na taxa de desemprego deve ser pequena, pois as menores taxas de crescimento da oferta de trabalho significam que o crescimento do PIB tem de ser especialmente baixo para que a taxa de desemprego deixe de ser estável.

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