Economic Highlight – IPCA-15 (abr/20)

Economic Highlight – IPCA-15 (abr/20)

A inflação ao consumidor medida pelo IPCA-15 em abril ficou em -0,01% M/M, abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (0,14%) e da mediana de projeções do mercado (0,01%). Esse foi o menor resultado para uma inflação de abril desde o início do Plano Real e foi uma redução em relação ao número do mês anterior (0,02%). A variação em 12 meses do IPCA-15 caiu de 3,67% A/A em março para 2,92% A/A em abril, a menor desde nov/19 (2,67% A/A), antes do choque de preço de carnes. A inflação acumulada nos 4 primeiros meses do ano está em 0,94%, o menor patamar da série histórica, sendo mais baixo que o visto no mesmo período de 2017 (1,22%), 2018 (1,08%) e 2019 (1,91%).

A maior parte dos grupos dentro do IPCA-15 de abril caiu em relação às variações do mês anterior. Dos 9 grupos, 6 tiveram queda, com destaque para Artigos de residência (-3,19% contra -0,05% no mês anterior), Transportes (-1,47% contra -0,80%) e Saúde e cuidados pessoais (-0,32% contra 0,84%). A surpresa para baixo em relação à projeção da SulAmérica Investimentos ocorreu em especial no grupo Saúde, com recuo inesperado em preços de medicamentos (-1,45%) e itens de cuidado pessoal (-0,36%). A queda nos preços de Transporte ocorreu em especial devido ao recuo na gasolina (-5,41%) e no etanol (-9,08%), que já era esperado.

O grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, teve alta de 2,46% M/M em abril, acelerando em relação ao mês anterior (0,35%). Essa alta decorreu da maior demanda dos consumidores com a quarentena por itens básicos de alimentação no domicílio (que subiu de 0,35% para 2,46%) e por alimentação fora do domicílio (que acelerou de 0,03% para 0,94%). Por outro lado, seguiu ocorrendo deflação em carnes (-0,27%), mesmo que em menor intensidade que nos meses anteriores (-5,04% em janeiro e -1,81% em fevereiro).

As medias de inflação subjacente caíram em abril. A média dos 7 núcleos divulgados pelo Banco Central ficou pela primeira vez negativa, em -0,04% M/M, contra 0,15% M/M do mês anterior. O índice de difusão (percentagem de subitens com variação acima de zero) ficou em 51,5%, mas isso deve-se ao aumento nos preços de alimentos, que têm mais subitens. Tirando a parte de alimentos, apenas 34,5% dos subitens tiveram alta acima da meta mensalizada.

O impacto do distanciamento social sobre a inflação é, dessa forma, desinflacionário. No entanto, houve um efeito inicial de aumento de preços de alimentos que deve arrefecer no próximo mês. A deflação nos preços de bens industriais (-0,64% M/M em abril) deve se intensificar com a menor demanda. O mesmo deve ocorrer com os serviços, que tirando passagem aérea (que subiu inesperadamente 14,83% em abril) e alimentação, tiveram deflação de -0,14% M/M em abril. Para o IPCA fechado do mês, a expectativa da SulAmérica Investimentos está em -0,14% M/M agora, contra -0,10% M/M antes da divulgação do IPCA-15. O aumento nos preços de passagens aéreas deve ser mais que compensado pela maior deflação em itens industriais. Para o ano fechado, o IPCA deve ficar em torno de 2,1% em 2020 e 3,25% em 2021.

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