Economic Highlight – IPCA-15 (dez/19)

Economic Highlight – IPCA-15 (dez/19)

A inflação medida pelo IPCA-15 em dezembro ficou em 1,05% M/M, acima do que era previsto pela SulAmérica Investimentos (0,90%) e pela mediana de projeções do mercado (0,95%). Essa variação elevada em dezembro interrompe seis meses em que o IPCA-15 teve inflação próxima de zero (0,09% M/M em média entre jun/19 e nov/19) e faz com que o IPCA-15 termine 2019 com variação de 3,91% A/A (contra 2,67% A/A nos 12 meses terminados em nov/19 e 3,86% A/A em 2018).

Dois grupos de preços foram os principais responsáveis pela aceleração do IPCA-15 de dezembro em relação aos meses anteriores. O primeiro deles foi o composto pelo preço de alimentos. Tanto alimentos tradeables quanto nontradeables ficaram bastante pressionados em dezembro, com alta de 4,05% M/M no primeiro grupo (contra 0,25% M/M em média nos 6 meses anteriores) e alta de 1,65% M/M no segundo grupo (contra média de -3,05% M/M nos 6 meses anteriores). Esses aumentos de preços foram ocasionados por choques de oferta. No primeiro caso o destaque foi o preço das carnes, que subiu 17% (levando a um impacto de 0,48 pp no IPCA do mês), com aumento de exportações para China (afetada pela gripe suína, que reduziu o estoque de porcos pela metade no país asiático) resultando em diminuição da oferta interna brasileira. O preço no atacado das carnes bovinas subiu cerca de 35% (tendo se estabilizado nos últimos dias) então apenas parte do aumento de preços foi repassada aos consumidores até agora. No segundo caso o atraso nas chuvas levou a quebra de importantes safras, como feijão.

O outro grupo foi o de bens e serviços administrados.  O reajuste de loterias foi o principal responsável pela aceleração nesse grupo, que passou de 0,01% M/M em nov/19 para 1,02% M/M em dez/19. Os preços das loterias subiram 36,99% M/M, com impacto de 0,16 pp no IPCA do mês. Diferentemente do preço de carne, o pico do aumento desses preços ocorreu no IPCA-15 de dezembro, devendo diminuir fortemente no IPCA fechado do mês. A mudança de bandeira tarifária de energia elétrica (de amarela para verde) também deve contribuir para a variação de administrados diminuírem entre o IPCA-15 e o IPCA fechado do mês.

As medidas de inflação subjacente subiram, mas com as menos afetadas por preços de alimentos aumentando bem menos. A média dos 7 núcleos divulgados pelo Banco Central subiu de 0,19% M/M para 0,41% M/M entre nov/19 e dez/19, porém o núcleo por médias aparadas com suavização subiu de 0,18% M/M para 0,31% M/M e o IPCA-EX3 de 0,22% M/M para 0,27% M/M. A inflação de bens industriais diminuiu de 0,33% M/M para 0,00% M/M, porém em 12 meses houve aceleração (de 1,36% A/A para 1,83 % A/A), uma vez que houve deflação em dez/18. A inflação de serviços (excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea), por sua vez, ficou estável em 12 meses, em torno de 3,5% A/A.

O IPCA-15 assim surpreende para cima, porém com alta e surpresa concentrada em preços de alimentos. A projeção da SulAmérica Investimentos para o IPCA fechado do mês é de 0,90% M/M, com o aumento adicional de preços de alimentos sendo compensado por queda nos preços administrados. O IPCA do ano deve fechar assim em 4,0%.

 

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