Economic Highlight – IPCA-15 (jun/20)

Economic Highlight – IPCA-15 (jun/20)

A inflação no Brasil medida pelo IPCA-15 de junho ficou em +0,02% M/M, acima da mediana de projeções do mercado (-0,06%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (-0,05%). Essa é a menor variação mensal para o mês de junho desde 2006 (quando foi -0,15%), porém foi uma aceleração em relação ao mês anterior, em que houve queda de -0,59%. A variação em 12 meses do IPCA-15 recuou ligeiramente, de 1,96% A/A para 1,92% A/A, ainda estando bastante abaixo do valor visto antes da pandemia (4,21% A/A em fev/20), e a variação acumulada no primeiro semestre de 2020 é de apenas +0,37%, o menor valor de toda a série histórica.

Ainda houve deflação em cinco dos nove grupos que compõem o IPCA, com o destaque negativo sendo Transportes (-0,71% M/M) e o positivo sendo Artigos de residência (+1,36% M/M). Por outro lado, a deflação de Transportes em junho ficou bem menor que nos três meses anteriores (-0,80% em março, -1,47% em abril e -3,15% em maio), com os preços de combustíveis explicando isso (eles passaram de -1,19% em março para -5,76% em abril, -8,54% em maio e agora -0,34% em junho). A inflação de Alimentação e bebidas praticamente manteve a mesma taxa de variação entre maio (0,46%) e junho (0,47%), com a desaceleração nos alimentos nontradeables (de 1,83% para 0,92%) sendo compensada pela aceleração dos alimentos tradeables (de 0,11% para 0,41%) e pela alimentação fora do domicílio (de 0,13% para 0,26%).

A inflação de preços administrados ficou estável em junho (0,00% M/M), após ter caído nos três meses anteriores (-1,84% M/M só em maio), muito em função do comportamento dos combustíveis mencionado antes. Em 12 meses os preços administrados passaram de uma alta de 5,06% A/A em dez/19 para -0,46% A/A em jun/20. Já os preços livres tiveram alta de +0,03% M/M em junho, após a deflação de -0,16% M/M no mês anterior. Em 12 meses, os preços livres subiram de 2,65% A/A em maio para 2,75% A/A em junho, ainda estando abaixo dos 3,51% A/A vistos em dez/19, no entanto.

Nas categorias de uso dos preços livres, a surpresa ficou com os preços de bens industriais, que subiram 0,21% M/M, ficando em 0,00% A/A na variação em 12 meses (contra -0,26% A/A no mês anterior). Os preços dos já mencionados Artigos de residência foram responsáveis por esse aumento e pela surpresa em relação à expectativa, junto com uma menor queda no Vestuário (-0,15% M/M, contra expectativa de -0,63% M/M).

A inflação subjacente permanece muito baixa. A inflação de serviços ficou menos negativa (-0,28% M/M contra -0,47% M/M no mês anterior), mesmo com os preços de passagem aérea mantendo forte deflação (-26,08% M/M em junho, contra -27,08% M/M em maio). A inflação de serviços subjacentes segue próxima de zero, com variação de -0,02% M/M em junho (contra +0,03% M/M em maio), e a sua variação em 12 meses diminuiu novamente, de 2,75% A/A para 2,64% A/A. A média dos sete núcleos divulgados pelo Banco Central seguiu em deflação (-0,01% M/M), mesmo que em menor intensidade que dos meses anteriores (-0,08% M/M em maio e -0,04% M/M em abril). Em 12 meses, a média dos núcleos segue caindo, de 2,1% A/A em maio para 1,9% A/A em junho.

A projeção da SulAmérica Investimentos para o IPCA fechado de junho é de 0,29% M/M. A aceleração em relação ao IPCA-15 de junho ocorrerá principalmente devido a aumento de preços de combustíveis. O IPCA fechado do ano de 2020 deve ficar entre 1,6% e 1,7%.

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