Economic Highlight – IPCA-15 (nov/19)

Economic Highlight – IPCA-15 (nov/19)

A inflação medida pelo IPCA-15 de novembro ficou em 0,14% M/M, abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (0,18%) e da mediana de expectativas do mercado (0,16%). Essa é a menor variação para um IPCA-15 num mês de novembro desde 1998. O IPCA acumulado nos 11 primeiros meses do ano é de 2,83%, menor que o visto no mesmo período de 2018 (4,03%), mas maior que o do igual período de 2017 (2,58%). A inflação acumulada em 12 meses chegou ao menor ponto desde set/17, passando de 2,72% A/A em out/19 para 2,67% A/A em nov/19.

A surpresa para baixo no IPCA-15 de novembro ocorreu em especial nos preços de serviços, como em boa parte do grupo Despesas Pessoais (com variação de 0,40% M/M contra projeção da SulAmérica Investimentos de 0,56% M/M). A Alimentação fora do domicílio também teve variação baixa, de 0,12% M/M (contra expectativa de 0,31% M/M), algo surpreendente dado o que era esperado (e que ocorreu) com os preços de alimentos no domicílio. Os preços de alimentos tradeables aceleraram, passando de 0,33% M/M em outubro para 0,60% M/M em novembro, com alta de 3,08% M/M em Carnes, 0,90% em Carnes e peixes industrializados e 0,61% M/M em Aves e ovos. Esses preços estão refletindo o aumento dos preços de carnes, causado pela maior importação da China devido à grande diminuição da produção e do estoque de porco no país oriental. Os preços de alimentos nontradeables tiveram variação de -2,50% M/M, menos negativa que no mês anterior (-3,43% M/M), mas ainda bastante abaixo de zero. É esperado que no IPCA fechado do mês e nos próximos meses os preços de alimentos nontradeables deixem de ficar tão negativos, enquanto os preços de alimentos tradeables devem aumentar ainda mais, dada a grande alta nos preços ao produtor.

Os itens administrados do IPCA-15 tiveram variação de 0,01% M/M em nov/19, porém é esperado que esses itens acelerem bastante a partir do IPCA fechado de nov/19, quando a variação deve ser em torno de 1,50% M/M. O preço de energia elétrica no IPCA-15 mostrou queda de -1,5%, porém ele deve subir no IPCA fechado do mês, devido à adoção de bandeira tarifária vermelha 1. Os preços de loterias também tiveram reajuste significativo que impacta o IPCA mas não o IPCA-15, uma vez que ocorreu próximo do final do período de coleta do IPCA-15.

As medidas subjacentes de inflação não foram afetadas por esses choques mencionados anteriormente. A média dos 7 núcleos divulgados pelo IBGE permaneceu pelo terceiro mês consecutivo em 0,19% M/M, com a variação em 12 meses próxima de 3,0% A/A. A inflação de bens industriais e serviços, itens mais sensíveis à política monetária, ficou em 0,21% M/M, mesmo número que o visto em outubro, com a variação em 12 meses também permanecendo estável em 2,5% A/A. Todas essas medidas de inflação subjacente permanecem bem distantes do centro da meta desse ano (4,25%) ou do ano que vem (4,00%).

O IPCA e o IPCA-15 devem, dessa forma, passar a responder a partir da próxima medição aos choques de oferta de alimentos e preços administrados. O IPCA de novembro deve acelerar para em torno de 0,60% M/M e o IPCA de 2019 deve fechar em torno de 3,5%. As medidas de inflação subjacente não devem responder a esses choques, dada a grande ociosidade ainda existente na economia.

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