Economic Highlight – IPCA 15 (Outubro/2020)

Economic Highlight – IPCA 15 (Outubro/2020)

A inflação medida pelo IPCA-15 ficou em 0,93% M/M em outubro, acima do que era projetado pela SulAmérica Investimentos (0,79% M/M) e pela mediana de expectativas do mercado (0,83% M/M). Essa é a maior alta para um mês de outubro desde 1995, sendo bastante superior à verificada em out/19 (0,09% M/M), e levando a um aumento na inflação em 12 meses de 2,65% A/A para 3,52% A/A.

Em relação ao mês de setembro, no qual o IPCA-15 foi de 0,45% M/M, houve aumento em todos os grupos. As altas com maior impacto no aumento do IPCA foram em Alimentação e bebidas (de 1,48% para 2,24%), Saúde e despesas pessoais (de -0,69% para +0,28%), Transportes (de 0,83% para 1,34%) e Vestuário (de -0,27% para +0,84%), respondendo por 94% da alta total entre os meses. O índice de difusão, que mede quantos itens têm alta no IPCA-15, subiu também, de 60% para 64%.

Nas categorias de uso, houve queda apenas nos preços administrados, de 0,32% M/M para 0,30% M/M, com o recuo na alta de gasolina (de 3,19% para 0,85%), mais que compensando o fim da deflação extraordinária em planos de saúde (de -2,31% para 0,00%). Houve alta em todas as outras categorias de uso: alimentação no domicílio passou de 1,96% M/M para 2,95% M/M, serviços de 0,07% M/M para 0,64% M/M e bens industriais de 0,29% M/M para 0,90% M/M.

As medidas subjacentes de inflação subiram, com a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central tendo ficado em 0,54% M/M em outubro, contra 0,12% M/M em setembro. Assim, a variação em 12 meses dessa média subiu também, de 1,91% A/A para 2,26% A/A, ainda estando abaixo do patamar de fevereiro, no entanto (3,19% A/A). A inflação de serviços subjacentes também não subiu tanto quanto o índice mencionado no parágrafo acima faz parecer. Boa parte dessa alta decorre de passagens aéreas, que subiram 39,9% em outubro (contra expectativa de 13% da SulAmérica Investimentos), e de alimentação fora do domicílio, que está sendo influenciada pelo aumento de preços de alimentos com choques de oferta. A inflação de serviços excluindo esses itens ficou em +0,23% M/M, um aumento em relação à deflação dos 6 meses anteriores (de -0,13% M/M em média), porém não tão elevada. Em 12 meses esse cálculo de inflação de serviços subiu de 1,29% A/A para 1,38% A/A, ainda estando bem abaixo do nível que vigorava antes da pandemia (3,5% A/A).

A alta quase generalizada nos preços decorre do diferencial entre demanda e oferta agregadas. No começo da pandemia, a demanda caiu muito mais que a oferta, resultando em meses de deflação. Nos meses seguintes, a demanda não apenas se recuperou, como superou o nível inicial, devido aos altos estímulos fiscais (em especial o auxílio emergencial). A oferta não acompanhou esse ritmo de crescimento. Até agosto e setembro, esse aumento da demanda foi atendido com queda de estoques, mas esses agora se encontram em níveis muito baixos. Os aumentos de custos, vistos nos IGPs e causados pela depreciação cambial e aumento de preços de commodities, agora são repassados em parte aos consumidores, devido à demanda ainda aquecida. O fim dos estímulos fiscais, na virada do ano, deve fazer a demanda cair para níveis mais próximos da oferta e do emprego de forma geral, que ainda deve ser menor que no início da pandemia. Dessa forma, o hiato do produto ainda deve abrir no começo do ano que vem, pressionando para baixo a inflação e fazendo o IPCA ficar abaixo da meta (3,2% em 2021). Mas, para os meses restantes de 2020 o IPCA deve seguir pressionado, e deve fechar o ano em 3,3%, com alta de 0,83% M/M no mês de outubro.

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