Economic Highlight – IPCA (jul/20)

Economic Highlight – IPCA (jul/20)

A inflação medida pelo IPCA em julho foi de 0,36% M/M, próxima da mediana de projeções do mercado (0,35%) e abaixo da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,40%). A inflação de julho foi a mais alta no mês de 2020, sendo 0,10 pp acima da vista em junho. Ela também foi a variação mais alta para um mês de julho desde jul/16. Ainda assim, a inflação acumulada nos 7 primeiros meses do ano é de 0,46%, o menor nível da série histórica. A inflação acumulada em 12 meses segue subindo, tendo passado de 2,13% A/A em junho para 2,31% A/A em julho.

O aumento de 0,10 pp na inflação de jul/20 em relação ao jun/20 teve grande contribuição de dois grupos: 0,12 pp de Habitação, que passou de 0,04% M/M para 0,80% M/M, e 0,09 pp de Transportes, que passou de 0,31% M/M para 0,78% M/M. A alta em Habitação deveu-se basicamente à alta de preços de energia elétrica residencial, com reajustes em muitas cidades que foram adiados até 1º de julho devido à pandemia. Já em Transportes, a maior parte da alta ocorreu em passagem aérea (0,10 pp), com a diminuição da deflação de -0,26¨M/M para -4,21% M/M, algo que já havia sido visto no IPCA-15. Os preços de combustíveis ficaram bastante próximos (3,12% de alta em jul/20, contra 3,37% em jun/20), e essa foi a principal razão para a surpresa para baixo em relação à projeção da SulAmérica Investimentos.

Seis dos nove grupos do IPCA apresentaram inflação menor em julho do que em junho. O de maior impacto foi Alimentação e bebidas (-0,07 pp), que passou de 0,38% M/M para 0,01% M/M. Houve deflação em especial em alimentos nontradeables (-2,41% M/M), com queda sazonal nos preços, e na alimentação fora do domicílio (-0,29% M/M). Já alimentos tradeables acelerou sua variação, de 0,67% M/M para 1,17% M/M, refletindo aumento de preços de commodities e depreciação do real nos meses anteriores.

As medidas de inflação subjacente permaneceram bastante baixas, com a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central ficando em 0,13% M/M em julho, contra 0,11% M/M no em junho e variações negativas nos dois meses anteriores. Em termos anualizados, essa variação na margem ainda é de 1,5% A/A, muito abaixo do centro da meta desse ano (4,0%) e para anos seguintes (de 3,75% em 2020 para 3,50% em 2021 e 3,25% em 2022). A inflação subjacente de bens industriais voltou a ficar positiva (0,08% M/M), após três meses consecutivos de deflação entre -0,19% e -0,31%, porém a inflação subjacente de serviços fez o movimento contrário, tendo deflação de -0,03% M/M em julho após ter subido 0,10% M/M em junho. Em 12 meses, a média dos 5 núcleos ficou estável em 2,1% A/A, porém houve recuo nos serviços subjacentes (de 2,7% A/A para 2,5% A/A) e alta nos bens industriais subjacentes (de 0,0% A/A para 0,5% A/A). Esse comportamento diferente dos bens industriais em relação aos serviços reflete o ritmo desigual de recuperação desses setores, além do impacto maior do câmbio sobre bens industriais.

Para agosto é esperada uma nova desaceleração do IPCA, com a projeção da SulAmérica Investimentos sendo de 0,18% M/M. Um grupo importante que deve puxar essa desaceleração é Educação, com o IBGE contabilizando queda de preços de mensalidades escolares devido à pandemia nesse mês. Nos meses seguintes a inflação mensal deve subir, mas ainda deve ficar relativamente baixa, com o IPCA devendo fechar o ano em 1,60%. Para 2021 o IPCA ainda deve ficar entre 2,9% e 3,0%, acelerando em relação a esse ano, mas abaixo do centro da meta.

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