Economic Highlight – IPCA (mai/20)

Economic Highlight – IPCA (mai/20)

A inflação medida pelo IPCA em maio ficou em -0,38% M/M, mais negativa que a do mês anterior (-0,31%) e a maior queda mensal desde ago/98 (-0,51%), mas não tão negativa quanto a expectativa da SulAmérica Investimentos (-0,52%) ou a mediana de projeções do mercado (-0,46%). A variação acumulada nos primeiros cinco meses do ano foi de -0,16%, a primeira vez que ela fica negativa nessa medição desde o início do Plano Real. A variação em 12 meses do IPCA caiu para 1,88% A/A em mai/20, o menor nível desde jan/99 (1,65% A/A).

Houve deflação em cinco dos nove grupos que compõem o IPCA, com o destaque sendo Transportes (-1,90% M/M), com recuo em especial nos preços de combustíveis (-4,56% M/M). Mas é importante mencionar que a queda em Transportes em maio foi menos intensa que a vista em abril (-2,66% M/M), devido ao comportamento dos combustíveis (que tiveram queda de -9,63% M/M no mês anterior), e também foi menor que a projetada pela SulAmérica Investimentos (-2,93% M/M), sendo o grande fator responsável pela surpresa para cima no IPCA de maio.

A queda na inflação entre abril e maio ocorreu em especial devido à menor variação do grupo Alimentação e bebidas, que passou de 1,79% M/M para 0,24% M/M. Houve redução tanto na inflação de alimentos tradeables (de 1,15% M/M para -0,02% M/M) quanto de alimentos nontradeables (de 5,02% M/M para 1,17% M/M), com a diminuição do choque de demanda causado pelo distanciamento social e medo de desabastecimento.

As medidas de inflação subjacente ficaram ainda mais baixas em maio, com a média dos sete núcleos divulgados pelo Banco Central ficando em -0,12% M/M, contra -0,01% M/M do mês anterior. Em 12 meses, a média dos núcleos caiu de 2,43% A/A para 2,13% A/A, ficando no menor nível desde fev/99. A inflação de bens industriais e serviços ficou muito baixa nos últimos três meses: +0,02% M/M em mar/20, -0,37% M/M em abr/20 e -0,02% M/M em mai/20. Esse aumento na margem entre abril e maio ocorreu em especial devido ao aumento de preços de bens industriais (de -0,74% M/M para +0,01% M/M), com a deflação maior de itens de Vestuário (de +0,10% para -0,58%) sendo compensada pelo aumento de preços de Artigos de residência (de -1,37% para +0,58%) e menor queda do etanol (de -13,51% para -5,96%). Os preços de serviços seguiram em deflação (-0,04% M/M em maio após já terem caído -0,09% M/M em abril), no dado que exclui passagem aérea e alimentação fora do domicílio.

A projeção da SulAmérica Investimentos para o IPCA de junho foi reduzida de 0,48% M/M para 0,43% M/M, com parte da alta de preços de combustíveis que era esperada para junho já tendo ocorrido em maio. Ainda assim, o aumento de preços de combustíveis deve ser o principal fator para o aumento da inflação nesse mês em comparação com as deflações das últimas medições. Para o ano de 2020, a expectativa é de variação de 1,70% e para 2021 de 2,90%, nos dois casos estando bem abaixo do centro da meta (4,00% e 3,75%, respectivamente), e permitindo ao Banco Central manter a taxa de juros em patamar consideravelmente abaixo do neutro.

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