Economic Highlight – IPCA (nov/19)

Economic Highlight – IPCA (nov/19)

A inflação medida pelo IPCA em novembro foi de 0,51% M/M, acima da mediana das expectativas do mercado (0,47%), porém abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (0,58%). Essa foi a maior variação para um mês de novembro desde 2014, sendo bem superior à vista no mesmo mês de 2018 (-0,21%). A variação em 12 meses do IPCA subiu de 2,54% A/A em out/19 para 3,27% A/A em nov/19, e deve seguir subindo ao longo dos próximos meses.

Após cinco meses de inflação baixa (média abaixo de 0,10% M/M entre  mai/19 e out/19, sendo 0,10% M/M em out/19), o IPCA voltou a mostrar variação elevada em nov/19. O aumento de 0,42 pp entre out/19 e nov/19 se concentrou em três grupos: Habitação (0,21 pp de contribuição, ao passar de -0,61% para +0,71%), Despesas Pessoais (0,11 pp de contribuição, ao passar de 0,20% para 1,24%) e Alimentação e bebidas (0,16 pp de contribuição, ao passar de 0,05% para 0,72%). Nos dois primeiros casos houve choques de preços administrados, com reajuste de energia elétrica (com mudança de bandeira tarifária) e de loterias sendo os grandes responsáveis pela alta. No terceiro caso, houve aumento forte dos preços de diversos alimentos no atacado, com destaque para a alta das carnes, de 8% M/M, com liberação das importações da China levando a um aumento considerável da demanda.

Por outro lado houve algumas surpresas para baixo, que explicaram a variação do IPCA abaixo da nossa projeção. O grupo Artigos de Residência seguiu em deflação, de -0,36% M/M em novembro, e o grupo Vestuário desacelerou de 0,63% M/M para 0,35% M/M. Essas variações menores foram causadas pelos descontos dados no Black Friday, que tiveram impacto maior que o projetado, mesmo com a data final de apuração do IPCA (27/nov) ocorrendo antes do evento em si (29/nov).

As medidas de inflação subjacente subiram de forma bem mais modesta, não sendo afetadas por esses choques. A média dos 7 núcleos divulgados pelo Banco Central ficou em 0,25% M/M em nov/19, contra 0,21% M/M em out/19. A variação A/A ficou em 3,0% A/A, patamar ao qual os núcleos caíram em jul/19 após terem alcançado 3,4% A/A em abr/19. A inflação de serviços em nov/19, excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea, foi de 0,12% M/M e 3,36% A/A, uma queda em relação ao mês anterior (0,17% M/M e 3,60% A/A).

Os choques que afetaram o IPCA de novembro devem seguir impactando o IPCA de dezembro. O aumento de preços de carnes no atacado foi de cerca de 35% em nov/19, havendo, portanto, mais espaço para repasses. O reajuste de preços de loterias foi de 35%, ocorrendo em 11/nov, com o IPCA de novembro captando cerca de 2/3 desse aumento (24%), com o 1/3 restante devendo ser sentido em dezembro. Além disso, houve choques novos, como aumento de preços de alimentos nontradeables (como feijão, batata), que tiveram variação negativa em nov/19 (-2,65% M/M) e devem apresentar variação fortemente positiva em dez/19. Preços de combustíveis também devem subir, com reajustes da Petrobras impactando mais os preços ao consumidor em dezembro. Dessa forma, a projeção da SulAmérica Investimentos é de inflação de 0,60% M/M em dez/19, o que deve fazer o IPCA fechar o ano com variação de 3,74% A/A.

 

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