Economic Highlight – IPCA (Setembro/2020)

Economic Highlight – IPCA (Setembro/2020)

A inflação medida pelo IPCA em setembro foi de 0,64% M/M, acima da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,48%) e da mediana de projeções do mercado (0,54%). Esse é o maior resultado para a inflação mensal em um mês de setembro desde 2003, quando foi 0,78% M/M, superando bastante o número visto em setembro de 2019 (-0,04%). A variação em 12 meses do IPCA, dessa forma, subiu de 2,44% A/A em agosto para 3,14% A/A em setembro. A variação acumulada nos 9 primeiros meses do ano ficou em 1,34%, ainda abaixo do patamar visto no mesmo período de 2019 (2,49%).

Em relação à projeção da SulAmérica Investimentos, houve surpresa em especial em Alimentação e bebidas (2,28% M/M) e em preços de bens industriais, como Artigos de residência (1,00% M/M) e Vestuário (0,37% M/M).

Em relação ao mês anterior, houve aumento na variação em 6 dos 9 grupos, com destaque para Alimentação e bebidas (de 0,78% M/M para 2,28% M/M), Educação (de -3,47% M/M para -0,09% M/M) e Vestuário (de -0,78% M/M para +0,37% M/M). O aumento nos preços ao produtor no setor agropecuário, verificado no IGP-M dos últimos meses, está sendo repassado aos consumidores, e levou a esse aumento de preços de Alimentação e bebidas. Em Educação, a mudança decorreu do fim da contabilização do desconto nas mensalidades de cursos regulares em agosto. Finalmente, em Vestuário, o aumento de preços ocorre devido à normalização das vendas no setor, além de pressões de custos causadas pela desvalorização cambial e aumento de preços de commodities.

Entre as categorias de uso, a maior alta ocorreu em preços de alimentos, como mencionado acima. A variação em 12 meses do grupo Alimentação e bebidas já alcançou 11,79% A/A, com alimentos no domicílio em 15,41% A/A. O aumento está se concentrando em alimentos tradeables (passou de 1,61% M/M em agosto para 3,37% M/ em setembro), mas nontradeables também subiu bastante (de -0,02% M/M para 1,67% M/M). A desvalorização cambial, o aumento de preços de commodities, da demanda externa (em especial da China) e interna (devido aos gastos do coronavoucher) explicam essa alta.

Os preços de bens industriais também subiram, 0,58% M/M em setembro contra um intervalo entre 0,22% M/M e 0,29% M/M nos três meses anteriores. A variação em 12 meses nesse caso subiu, mas ainda está baixa para padrões históricos, em 1,09% A/A. A inflação de serviços como calculada pelo Banco Central subiu, de -0,47% M/M para +0,17% M/M, mas em grande parte devido a preços de educação, alimentação fora do domicílio e passagem aérea. A inflação de serviços subjacentes subiu menos, de 0,12% M/M para 0,20% M/M e de 2,27% A/A para 2,40% A/A.

As medidas de núcleo no IPCA subiram entre agosto e setembro, assim como o índice de difusão. A média dos 5 núcleos mais acompanhados pelo Banco Central passou de 0,10% M/M em agosto para 0,28% M/M em setembro, voltando a apresentar variações próximas das vistas antes da pandemia (0,29% M/M em fev/20). A variação em 12 meses desses núcleos, no entanto, ainda permanece baixa (2,15% A/A, contra 3,14% A/A em fev/20), mesmo tendo subido em relação a agosto (1,97% A/A).

A inflação em setembro assim surpreendeu para cima. Pressões nos preços de alimentos devem seguir fazendo o IPCA ficar elevado nos próximos meses. Repasses do aumento de preços ao produtor para consumidor em outros setores devem ser menores, em especial em serviços, devido à alta ociosidade ainda existente no mercado de trabalho. Reajustes de alguns preços que caíram durante a pandemia, como Educação em dezembro e plano de saúde em 2021, devem fazer os preços subirem mais nos próximos meses também. Assim, a expectativa da SulAmérica Investimentos para o IPCA de 2020 é de 2,97%, com o IPCA de 2021 devendo ficar em 3,15%.

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