Economic Highlight – produção industrial (fev/20)

A produção industrial brasileira em fevereiro cresceu 0,5% M/M, acima do que era previsto pela SulAmérica Investimentos e pela mediana de expectativas do mercado (ambas contração de -0,4% M/M). Em relação ao mesmo mês do ano anterior ainda houve queda, como ocorreu nos três meses prévios, porém agora com menor intensidade (as quedas passaram de -1,7% A/A em nov/19 para -0,5% A/A em fev/20). A variação em 12 meses, por sua vez, seguiu cada vez mais negativa, tendo diminuído de -1,0% em jan/20 para -1,2% em fev/20.

Houve ligeira revisão para cima nos dados anteriores, com a produção industrial de janeiro estando agora 0,2% acima do que havia sido divulgada no mês passado. A taxa de crescimento, assim, passou de +0,9% M/M em janeiro para +1,2% M/M no dado revisado.

Dentre as categorias de uso, houve expansão em especial na produção de bens de capital (1,2% M/M) e de bens intermediários (0,5% M/M), com destaque para essa última, que chegou ao maior nível desde jan/19. Por outro lado, ainda houve na produção de bens de consumo, com redução de -0,7% M/M nos bens duráveis e -0,2% M/M nos bens semiduráveis e não duráveis. Essa queda ocorreu apesar da melhora no setor de veículos automotores, que subiu 2,7% M/M em fevereiro.

A melhora na produção de bens de capital foi acompanhada pelo segundo mês consecutivo de outro indicador coincidente do investimento, a produção de insumos típicos da construção civil. Essa última subiu 0,4% M/M em fevereiro, após já ter crescido 0,6% M/M em janeiro.

A indústria assim mostrava sinais de recuperação antes do choque causado pelo Covid-19 afetar a economia brasileira. A produção industrial deve ser menos afetada por esse choque do que setores como serviços e vendas no varejo, porém ainda deve mostrar queda substancial a partir de março, com a impossibilidade de parte da mão de obra de comparecer ao trabalho e com a menor demanda levando a ajustes na produção. A expectativa da SulAmérica Investimentos é de queda considerável nos próximos dois meses (março e abril), seguida de recuperação parcial depois, com o provável relaxamento de medidas de confinamento. Assim, a produção industrial em 2020 deve ter queda de -2,8%, mais forte do que a vista no ano passado, de -1,2%.