Economic Highlight – Vendas no Varejo (Agosto/2020)

Economic Highlight – Vendas no Varejo (Agosto/2020)

As vendas no varejo restrito no Brasil cresceram 3,4% M/M em agosto, acima do que era projetado pela SulAmérica investimentos (1,5% M/M) e pela mediana de expectativas do mercado (3,0% M/M). O dado de agosto foi uma desaceleração em relação aos meses anteriores (5,0% em julho, por exemplo), porém o nível de vendas já supera amplamente o patamar pré-pandemia, estando 8% acima do nível de fev/20. Em relação ao mesmo mês do ano anterior houve crescimento de 6,1% A/A, enquanto a variação acumulada nos 8 primeiros meses do ano é de -0,9%. Em 12 meses, a variação subiu de 0,1% para 0,5%.

Ao contrário do que havia ocorrido nos três meses anteriores (maio, junho e julho), em agosto não houve crescimento em todos os setores do varejo. Dentro do varejo restrito houve quedas de -24,7% M/M nas vendas de Livros, jornais, revistas e papelaria, -2,2% M/M em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e -1,2% M/M em Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos. Uma parte dessas quedas está relacionada a aumento de preços, em especial nos produtos alimentícios (com alta de 0,78% M/M no IPCA alimentação e bebidas), que reduziu a renda disponível para camadas mais pobres da população.

Dentre os setores que tiveram crescimento dentro do varejo restrito, os destaques são Tecidos, vestuário e calçados (+30,5% M/M) e Outros artigos de uso pessoal (10,4% M/M). Esses setores foram beneficiados pela maior mobilidade e abertura de lojas que estavam fechadas, com relaxamento das medidas de distanciamento social.

Dentre os 8 setores que compõem o varejo restrito, 4 deles estão com patamar de vendas ainda abaixo do visto em fev/20: Livros, jornais, revistas e papelaria (-39,2%), Tecidos, vestuário e calçados (-9,4%), Combustíveis e lubrificantes (-8,8%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-8,8%). Dentre os outros 4 setores com vendas acima daquele patamar, o destaque é Móveis e eletrodomésticos (+24,2%), com maior demanda para esses bens devido ao maior número de pessoas trabalhando em casa e com parte do ganho de renda de famílias mais pobres com auxílio emergencial sendo usado para aquisição desses bens.

Os ganhos de renda de famílias mais pobres com o auxílio emergencial também afetaram os gastos de Material de construção, parte do comércio varejista ampliado, que teve alta de 3,6% M/M em agosto (contra 5,9% M/M em julho), estando 19,2% acima do patamar de vendas verificado em fev/20. O varejo ampliado teve crescimento maior que o varejo restrito (4,6% M/M). O outro setor que compõem o varejo ampliado, Veículos, motos, partes e peças, teve crescimento de 8,8% M/M em agosto, mas com o patamar de vendas ainda 12,9% abaixo do visto em fev/20.

As vendas no varejo devem seguir desacelerando nos próximos meses, com a diminuição do auxílio emergencial levando a uma queda da massa salarial ampliada. Ainda assim, as vendas no varejo devem ter um ano de 2020 positivo, com aumento de vendas de 0,7% em relação a 2019, comparado com crescimento de 1,9% em 2019.

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