Economic Highlight – vendas no varejo (mar/20)

Economic Highlight – vendas no varejo (mar/20)

As vendas no varejo no Brasil tiveram queda de -2,5% M/M em março, menor do que projetado pela SulAmérica Investimentos (-14,6%) e que a mediana das expectativas do mercado (-5,5%). No varejo ampliado houve queda de -13,7% M/M, mais próxima da projeção mediana dos mercados (-14,5% M/M).

A surpresa para cima no varejo restrito ocorreu em especial devido à alta de dois grupos. O setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve alta considerável, de 14,6% M/M, e o de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria subiu 1,3% M/M. A alta nesses setores ocorreu devido ao aumento de demanda por bens essenciais com início do distanciamento social, e foi refletida, no caso de alimentos, nos preços ao consumidor no período. A alta de 14,6% em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo em mar/20 foi a maior da série histórica, com início em 2000.

Por outro lado, todos os outros grupos que compõem tanto o varejo restrito quanto ampliado tiveram queda muito forte, em quase todos os casos a maior da série histórica, com efeitos drásticos do distanciamento social. A exceção foi Equipamento e material para escritório, informática e comunicação, que teve recuo de -14,2% M/M em mar/20 (sendo que houve queda maior no mês de jul/11, -20,5% M/M). Todos os outros casos foram recordes históricos de contração: -12,5% M/M em Combustíveis e lubrificantes, -17,1% M/M em Material de construção, -25,9% M/M em Móveis e eletrodomésticos, -27,4% M/M em Outros artigos de uso pessoal e doméstico, -36,1% M/M em Livros, jornais, revistas e papelaria, -36,4% M/M em Veículos, motos, partes e peças e -42,2% M/M em Tecidos, vestuário e calçados.

As vendas no varejo em abril devem ter recuo maior, com os poucos setores que tiveram alta em março devendo ter fortes quedas com o fim das compras por receio de desabastecimento. Isso se reflete nos preços ao consumidor, com a coleta diária de preços desses setores tendo alcançado seu máximo em 14 de abril e ficando cada vez menor a cada dia, indicando menor demanda. A projeção da SulAmérica Investimentos é de queda de quase -15% M/M em abril, com recuperação quando as medidas de restrição ao movimento forem retiradas.

Os dados de atividade divulgados sobre março indicam contração muito forte na indústria (-9,1% M/M), nos serviços (-6,9% M/M) e no varejo ampliado (-13,7% M/M). O varejo restrito teve desempenho melhor (-2,5% M/M), como mencionado acima, devido ao aumento de procura por bens essenciais por receio de desabastecimento, que deve ser temporário. Nossa projeção para o IBC-Br, a proxy mensal de atividade do Banco Central, com esses dados agora é de recuo de -5,2% M/M e -2,6% A/A.

Topo