Economic Highlight – vendas no varejo (out/19)

As vendas no varejo no Brasil em outubro tiveram crescimento de 0,1% M/M, abaixo do que era previsto pela SulAmérica Investimentos (0,7%), mas igual à mediana de projeções do mercado (0,1%). O varejo ampliado (que inclui as vendas de veículos e construção civil), por sua vez, teve expansão de 0,8% M/M, mais próxima da projetada pela SulAmérica Investimentos (0,7%) do que da mediana do mercado (0,3%).

Outubro foi o sexto mês consecutivo em que as vendas no varejo restrito (o não ampliado) tiveram crescimento, algo que não ocorria desde set/13. Nesse período entre mai/19 e out/19 a taxa de expansão média foi de 0,4% M/M.

Dentre os oito grupos que compõem o varejo restrito, houve queda na margem em apenas dois deles: Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1% M/M) e Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1% M/M). O primeiro grupo tem peso muito pequeno e razões idiossincráticas para seu desempenho ruim ao longo dos últimos anos (quebra de editoras, mudança de hábitos de consumidores). O segundo grupo tem o maior peso dentro do varejo restrito, porém a queda na margem pode ser considerada como apenas uma acomodação, dado que as vendas nele tiveram 5 meses de crescimento consecutivo antes dessa queda de outubro, com variação média de 0,8% M/M.

As altas mais significativas dentre os grupos ocorreram em Equipamentos de comunicação e material de escritório (5,3% M/M, após cair -1,7% M/M no mês anterior), Combustíveis e lubrificantes (1,7% M/M, após subir 1,2% M/M em set/19 e recuperando-se da queda de -3,3% M/M em ago/19) e Artigos farmacêuticos (1,2% M/M). Desses, o grande destaque de alta foi em Artigos farmacêuticos, uma vez que foi uma aceleração considerável em relação ao mês anterior (0,7% M/M) e que esse grupo está com crescimento consistente (variação A/A de 7,2% A/A em out/19 e em média 6,6% A/A nos 11 meses anteriores).

O varejo ampliado teve desempenho ainda melhor que o restrito, com o oitavo mês consecutivo de expansão em outubro. Houve alta forte tanto na venda de Veículos, motos, partes e peças (2,4% M/M), quanto na de Material de construção (2,1% M/M). Nos dois casos houve aceleração em relação a dados anteriores que já estavam fortes (1,2% M/M e 1,8% M/M, respectivamente).

Uma característica da expansão do varejo nesse ciclo de crescimento (que começou em 2017) é a maior taxa de crescimento dos segmentos ligados a crédito em relação aos segmentos ligados a renda. Enquanto as vendas ligadas a crédito (como eletrodomésticos e computadores) tiveram variação de 6% nos últimos 18 meses, as vendas ligadas a renda tiveram variação em torno de 2% no mesmo período. Na margem, as vendas ligadas a crédito estão acelerando mais rápido, com variações de 2,6% M/M em set/19 e 1,7% M/M em out/19.

As vendas no varejo nos próximos meses devem seguir crescendo, com ritmo mais elevado em novembro devido a maior impacto da liberação dos saques do FGTS (que já teve efeito em outubro, mas cujo impacto máximo deve ser sentido em dezembro) e ao feriado da Black Friday, que cada vez tem mais peso nas vendas (em especial de itens duráveis). A projeção da SulAmérica Investimentos é de variação de +1,0% M/M em novembro, com o crescimento do ano de 2019 em 1,9%, uma aceleração em relação à variação em 12 meses vista em out/19 (1,75%), mas um número ainda baixo em relação a 2018 (2,3%), devido ao primeiro semestre ruim.