Indicador econômico – produção industrial (dez/20)

Indicador econômico – produção industrial (dez/20)

A produção industrial brasileira teve crescimento de 0,9% M/M em dezembro, acima do que era projetado pela SulAmérica Investimentos (-0,25% M/M) e pela mediana de expectativas do mercado (-0,4% M/M). Em relação ao mesmo mês do ano anterior houve crescimento de 8,3% A/A, a maior taxa de variação A/A desde abr/18 (quando foi 9,1% A/A).

O aumento na produção industrial em dezembro foi o oitavo consecutivo, acumulando crescimento de 41,8% e mais do que compensando a queda vista nos meses de março e abril, de -27,1%. Com isso, a produção industrial termina o ano 3,4% acima do patamar visto antes da pandemia, em fev/20, e com uma desaceleração apenas modesta nos últimos meses. A variação trimestral diminuiu consideravelmente, de 22,3% T/T para 5,1% T/T entre o 3º e 4º trimestres do ano, mas o ritmo de crescimento após a indústria ter se recuperado das quedas vistas na pandemia, a partir de outubro, ainda permaneceu elevado, em 1,0% M/M em outubro, 1,1% M/M em novembro e 0,9% M/M agora em dezembro.

Houve queda em apenas uma das cinco categorias de uso, com a produção de bens de consumo não duráveis recuando -0,5% M/M. Essa é a categoria também que tem menor nível de atividade em relação ao patamar pré-pandemia, estando apenas 0,2% acima do que foi visto em fevereiro. A produção de bens intermediários teve crescimento de 1,6% M/M, após dois meses de leve queda (-0,1% e -0,2% em outubro e novembro, respectivamente), relacionados à falta de insumos. As outras categorias, por sua vez, desaceleraram, mas ainda com ritmo de expansão considerável. A produção de bens de capital passou de 7,4% M/M em nov/20 para 2,4% M/M em dez/20, enquanto a produção de bens duráveis passou de 5,8% M/M para 2,4% M/M no mesmo período. Em termos de nível o destaque segue sendo a produção de bens de capital, que supera em quase 15% o patamar de fevereiro, com as outras categorias estando em torno de 5% acima daquele nível.

A variação em 2020 da produção industrial foi de -4,5%, bem mais negativa que em 2019 (-1,1%), mas melhor do que em 2015 (-8,3%) ou 2016 (-6,4%). A recuperação a partir de maio com a diminuição das restrições de mobilidade, os estímulos fiscais e monetários e a queda nos estoques ajudou a diminuir a queda ao longo do ano.

A produção industrial assim surpreendeu na margem, com uma desaceleração muito mais modesta do que a projetada. Ainda é esperado que haja acomodação na margem no futuro próximo, com indicadores de confiança da FGV e da CNI indicando redução de demanda, devido à diminuição dos estímulos fiscais , normalização dos estoques e aumento de casos de Covid-19 em 2021. Além disso, algumas medidas de restrição de mobilidade adotadas em determinados estados podem afetar o número de horas trabalhadas também a partir de janeiro. Para 2021 a expectativa é que haja variação mais baixa no primeiro trimestre, em especial devido a essas medidas de restrição de mobilidade, mas que o ano como um todo apresente crescimento de 10,2%, devido à menor base de comparação.

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