Índice econômico – IPCA-15 (ago/21)

Índice econômico – IPCA-15 (ago/21)

A inflação medida pelo IPCA-15 de agosto ficou em 0,89% M/M, acima da mediana de projeções do mercado (0,82%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,73%). Essa é a maior variação para o IPCA-15 em um mês de agosto desde 2002 (quando havia sido 1,00% M/M), e é bem superior à vista em agosto de 2020 (0,23%). Com isso, o IPCA em 12 meses seguiu subindo, de 8,59% A/A para 9,30% A/A, o maior nível desde maio de 2016 (9,62% A/A).

Apenas dois dos nove grupos que compõem o IPCA-15 ficaram menores entre julho e agosto: Habitação (1,97% contra 2,14%) e Saúde e cuidados pessoais (-0,29% contra -0,24%). A alta de 0,17 pp em relação ao IPCA-15 de julho (0,72%) decorreu em especial dos aumentos nas variações de Alimentação e bebidas (de 0,49% para 1,02%), Despesas Pessoais (de 0,36% para 0,68%) e Vestuário (de 0,58% para 0,94%). A inflação de Transportes permaneceu elevada (1,11% contra 1,07% de julho).

A surpresa para cima no IPCA-15 de agosto ocorreu em especial nos preços de bens industriais, que tiveram variação de 0,92% M/M, acelerando consideravelmente em relação ao mês anterior (0,69%). Houve alta considerável nos preços de Vestuário, como mencionado acima, mas também em Artigos de residência (1,05% contra 0,85% do mês anterior) e em diversos itens de Transportes, com destaque para automóveis novos (1,52%) e automóveis usados (2,58%). Os preços desses itens estão subindo devido a questões de oferta, com queda na produção devido a falta de insumos, algo que ocorre em diversos outros países devido aos desarranjos causados pela pandemia de Covid-19.

A inflação de serviços diminuiu entre julho (0,71%) e agosto (0,29%), mas muito disso ocorreu devido ao preço de passagens aéreas, que passou de +35,6% para -10,9%. A medida de inflação subjacente diminuiu também, mas em menor intensidade, passando de 0,60% M/M em julho para 0,46% M/M em agosto, ainda um pouco acima da expectativa (0,43%).

Não houve surpresas nos preços administrados ou de alimentos no domicílio, que seguem bastante pressionados (variação de 1,44% e 1,02%, respectivamente).

As medidas de núcleos de inflação seguem elevadas, com a média dos cinco núcleos acompanhados pelo BC em 0,57% M/M, bem acima do patamar condizente com a meta (em torno de 0,30% M/M). Houve uma desaceleração em relação ao mês anterior nessa medição (a média dos núcleos de julho havia sido de 0,60% M/M), mas ela foi bem modesta.

Algo que surpreendeu negativamente no IPCA-15 de agosto foi o índice de difusão, que mede a proporção de aumentos de preços dentre os itens. Ele ficou em 75,4% em agosto, contra 58,5% em julho, indicando um aumento mais generalizado de preços. Índices de difusão de subgrupos como bens industriais e serviços também ficaram acima de 70%.

O IPCA-15 de agosto, dessa forma, mostrou algumas surpresas negativas. Os preços de bens industriais subiram mais que o esperado, refletindo problemas de oferta que parecem ser mais duradouros. Os preços de serviços estão subindo, seguindo a reabertura da economia, enquanto os preços de administrados e alimentos estão refletindo choques bem fortes. A projeção da SulAmérica Investimentos para os próximos meses foi revista, devido em especial ao que ocorreu nos bens industriais, e assim a variação para o mês fechado de agosto deve ficar em 0,73% M/M, contra 0,58% M/M estimado anteriormente. O IPCA deve seguir com variação elevada em setembro, em torno de 0,70% M/M, desacelerando no 4º trimestre para 0,40% M/M em média. Assim, o IPCA de 2021 deve ficar em 7,5% e o de 2022 em 4,0%.

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