Índice econômico – IPCA-15 (dez/20)

Índice econômico – IPCA-15 (dez/20)

A inflação medida pelo IPCA-15 de dezembro ficou em 1,06% M/M, abaixo da mediana de projeções do mercado (1,17%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (1,14%).  A variação de dez/20 foi apenas ligeiramente superior à vista em dez/19, de 1,05% M/M. A inflação no ano de 2020 ficou em 4,23%, mais alta que a vista em 2019, de 3,91%, e a mais elevada desde 2016 (quando foi 6,58%).

Houve variação mais elevada em 5 dos 9 grupos que compõem o IPCA-15. O destaque de alta ficou para o grupo Habitação, que passou de 0,34% M/M para 1,50% M/M, contribuindo com 0,18 pp da alta de 0,25 pp do IPCA-15 entre os meses. A pressão nesses preços ficou concentrada em energia elétrica residencial, que passou de -0,04% M/M para +4,08% M/M (0,17 pp de contribuição para o IPCA), com a incorporação parcial da mudança de bandeira tarifária de verde para vermelha 2.

Houve aumentos de preços relevantes também em Transportes, que passou de 1,00% M/M para 1,43% M/M, com contribuição de 0,09 pp para a aceleração de IPCA-15 entre os meses. O destaque nesse caso ficou para passagem aérea, que aumentou 28,31% M/M. Os preços de combustíveis também subiram bastante (2,40% M/M). Por outro lado, houve variação bem menor nos preços de bens como automóveis novos e usados e serviços como conserto de automóveis e seguro voluntário de veículos, que impediu uma alta mais forte desse grupo.

A queda mais relevante nos preços no IPCA-15 de dezembro ocorreu em Vestuário, que teve variação de -0,44% M/M, contra +0,96% M/M em novembro. A deflação foi generalizada nesse grupo, com queda em quase todos os subitens, após a forte alta dos meses anteriores. A inflação de alimentos, por sua vez, arrefeceu um pouco na margem, mas ainda está em patamar elevado, passando de 2,16% M/M em novembro para 2,00% M/M em dezembro.

Em relação às expectativas da SulAmérica Investimentos, houve surpresa negativa no grupo Educação, que teve alta de apenas 0,34% M/M em dezembro, com a pesquisa extraordinária do IBGE sobre preços de mensalidades escolares apontando recomposição pequena da queda vista em agosto devido aos descontos dados durante a pandemia (variação de +0,44% M/M em cursos regulares em dez/20, contra -4,10% M/M em ago/20).

As medidas subjacentes de inflação diminuíram na margem em dezembro, com a maior concentração de alta de preços em alimentos, combustíveis e energia elétrica. A média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central diminuiu de 0,51% M/M no IPCA-15 de novembro para 0,39% M/M no IPCA-15 de dezembro. Em 12 meses a variação chegou a cair de 2,57% A/A para 2,54% A/A. A inflação de bens industriais diminuiu de 0,87% M/M em nov/20 para 0,43% M/M em dez/20, indicando alguma normalização da situação de estoques que levou à pressão nesses preços nos meses anteriores. Já a inflação de serviços seguiu subindo, mas de forma modesta. Os serviços excluindo passagem aérea e alimentação fora do domicílio tiveram variação de 0,31% M/M em dez/20, contra 0,28% M/M em nov/20. A variação em 12 meses dos serviços ficou estável em 1,54% A/A entre nov/20 e dez/20, bem menor que o nível que fechou o ano anterior (3,51% A/A). A inflação de bens industriais, mesmo com o arrefecimento na margem, ainda subiu, de 2,15% A/A em nov/20 para 2,59% A/A em dez/20, terminando o ano em patamar superior ao visto em 2019 (1,83% A/A).

O IPCA-15 assim dá sinais de que descompressão na margem na inflação, com a aceleração em relação aos meses anteriores se concentrando em alguns grupos, como energia elétrica. Houve redução nos núcleos e nos preços de bens industriais. A projeção de inflação da SulAmérica Investimentos para o IPCA fechado de dez/20 foi reduzida de 1,50% M/M para 1,25% M/M, com a menor variação de preços de cursos regulares. O IPCA deve fechar 2020 assim com variação de 4,4% A/A, mas deve diminuir para 3,4% em 2021, com redução nos preços de energia elétrica e alimentos ao longo do ano.

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