Índice econômico – vendas no varejo (ago/21)

Índice econômico – vendas no varejo (ago/21)

As vendas no varejo no Brasil tiveram queda de -3,1% M/M, abaixo da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,2%) e da mediana das projeções do mercado (0,7%), ficando abaixo inclusive da projeção mínima (-1,4%). Houve mudança nos dados anteriores,  com a variação de julho subindo de 1,2% M/M para 2,7% M/M, porém com revisões para baixo nos meses prévios, fazendo o nível de vendas no varejo dessazonalizado em julho ficar 0,8% abaixo do que foi divulgado mês passado. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o dado de agosto interrompeu 5 meses seguidos de alta, ao mostrar queda de -4,2% A/A, contra 5,8% A/A em julho. A variação em 12 meses parou de crescer, passando de 5,9% em julho para 5,0% em agosto.

Apenas 2 dos 8 grupos que compõem o varejo restrito tiveram alta nas vendas mensais em agosto: Tecidos, vestuário e calçados (1,1% M/M) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+0,2% M/M). O primeiro teve alta devido à reabertura da economia, se beneficiando da redução do distanciamento social (e estando ainda 3,1% abaixo do nível pré-pandemia), o segundo é ajudado por sua essencialidade.

A queda mais forte ocorreu em Outros artigos de uso pessoal (-16% M/M), que tem tido um comportamento volátil nos últimos meses. Em parte, essa queda é devolução da forte alta vista no mês anterior (de 19,1% M/M), mas o nível de vendas desse setor segue muito elevado desde o início da pandemia, estando 18% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Houve quedas substanciais em outros grupos, como Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-4,7% M/M), Combustíveis e lubrificantes (-2,4% M/M), Móveis e eletrodomésticos (-1,3% M/M) e Hipermercados, supermercados, prod. alimentícios, bebidas e fumo (-0,9% M/M). A queda na massa salarial real ampliada explica em boa parte essa contração das vendas. O adiantamento do pagamento da 13ª parcela das aposentadorias e pensões para junho e julho (ao invés dos usuais setembro e dezembro), significou que a massa salarial ampliada nominal recuou 7,7% em agosto. Além disso houve alta na inflação, que fez a queda na renda real ser ainda maior.

O varejo ampliado que inclui outros dois grupos teve queda de -2,5% M/M em agosto. As vendas de Material de construção tiveram uma queda menor que a média (-1,3% M/M), enquanto as vendas de Veículos, motos, partes e peças tiveram alta de 0,7% M/M.

 O varejo restrito está 3,9% acima do nível pré-pandemia, enquanto o varejo ampliado está 1,6% acima daquele nível. Ainda há bastante heterogeneidade no desempenho dos setores, com Material de construção e Outros artigos de uso pessoal com vendas em média 20% acima do pré-pandemia, enquanto Vestuário, Combustíveis, Veículos e Equipamentos e material para escritório e comunicação têm vendas entre -3% e -5% abaixo do nível pré-pandemia.

As vendas no varejo em setembro não devem cair tanto quanto em agosto, mas devem ter desempenho negativo, afetadas pela maior alta na inflação e queda na renda real. Para o ano de 2021 a expectativa da SulAmérica Investimentos é de alta de 2%, contra 1,2% em 2020, com a alta mais concentrada em setores que se beneficiam da diminuição do distanciamento social, como vestuário.

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