Índice econômico – vendas no varejo (jul/21)

Índice econômico – vendas no varejo (jul/21)

As vendas no varejo restrito no Brasil em julho tiveram alta de 1,2% M/M, acima da mediana de expectativas do mercado (0,6%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (-0,1%). Houve revisão nos dados mensais divulgados anteriormente na série dessazonalizada, com o nível de vendas de junho sendo 2,4% maior que o previamente divulgado e a variação sendo de 0,9% M/M, contra -1,7% M/M divulgado anteriormente. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a taxa de variação ficou próxima das vistas nos últimos meses, em 6,6% A/A contra 6,7% A/A em junho e 6,8% A/A em maio. A variação em 12 meses das vendas no varejo não mudou, permanecendo em 5,9%, assim como no mês anterior.

Em julho, dentre os 8 grupos que compõem o varejo restrito, 5 tiveram alta. Os três grupos que tiveram queda foram Livros, jornais, revistas e papelaria (-5,2%), Móveis e eletrodomésticos (-1,4%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,3%). A alta nos outros grupos foi na maior parte modesta, com exceção de Outros artigos de uso pessoal (19,1%), que foi a fonte de surpresa. Fora esse grupo, houve crescimento em Tecidos, vestuário e calçados (2,8%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (0,6%), Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%).

O nível dessazonalizado de vendas no varejo em julho é o maior da série histórica, superando o recorde anterior, visto em novembro de 2020, em cerca de 0,4%. Toda a queda vista no começo do ano, causada pela diminuição do auxílio emergencial e pela segunda onda de Covid-19 foi recuperada nos últimos meses. O crescimento das vendas se dá devido à melhora no mercado de trabalho e reabertura da economia, com diminuição das restrições de mobilidade. A possível troca de gastos com consumo de bens por consumo de serviços por enquanto não ocorreu na economia brasileira, mas ainda podendo ocorrer no futuro.

O varejo ampliado, que contém vendas de material de construção e veículos, teve alta de 1,1% M/M em julho, recuperando-se parcialmente da queda de -2,1% M/M do mês anterior. As vendas de veículos, motos, partes e peças tiveram alta de 0,2% M/M, após queda de -0,1% M/M no mês anterior, com o setor ainda negativamente afetado pela falta de insumos. As vendas de material de construção, por sua vez, tiveram queda de -2,3% M/M em julho após já terem caído -3,7% em junho. Esse é um dos setores que mais cresceu durante a pandemia e uma redução no nível das vendas é esperada, sendo que elas ainda estão cerca de 16% acima do nível pré-pandemia mesmo com essas quedas recentes.

As vendas no varejo em julho no Brasil tiveram um resultado acima do esperado e majoritariamente positivo dentro dos grupos. As vendas seguem superando a produção industrial, o que resulta em pressão nos preços, que está sendo vista na inflação ao produtor e ao consumidor nos últimos meses. Dado que a recuperação já aconteceu quase que plenamente em muitos dos setores (alguns com nível de vendas consideravelmente acima do patamar pré-pandemia), a expectativa é de desaceleração ao longo dos próximos meses. A inflação mais alta está diminuindo o poder de compra das famílias e a incerteza econômica está reduzindo a confiança do consumidor. Os efeitos dos aumentos de juros também devem atrapalhar as vendas a crédito. A projeção da SulAmérica Investimentos para as vendas no varejo restrito de 2021 é de alta de 4,1%, contra 1,2% em 2020 e 6,5% nos 7 primeiros meses de 2021.

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