Índice econômico – vendas no varejo (jun/21)

Índice econômico – vendas no varejo (jun/21)

As vendas no varejo em junho tiveram queda de -1,7% M/M no conceito restrito e -2,3% M/M no conceito ampliado. Esses números vieram mais negativos que as projeções da SulAmérica Investimentos (0% e -0,6%, respectivamente) e que a mediana de expectativas do mercado (0,5% e -1,7%). Em relação ao mesmo mês do ano anterior houve alta de 6,2%, e a variação em 12 meses seguiu subindo, passando de 5,4% para 5,9%.

Dos 8 setores que compõem o varejo restrito, 5 tiveram queda na variação M/M em junho. As contrações mais fortes ocorreram em Tecidos, Vestuário e calçados (-3,6%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-3,5%). As variações positivas, por sua vez, ocorreram em Livros, jornais, revistas e papelaria (5,0%) , Móveis e eletrodomésticos (1,6%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%). O importante setor Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve queda de -0,5% M/M em junho, provavelmente devido ao aumento da inflação no período.

No varejo ampliado, a queda de -2,3% M/M em junho ocorreu apesar de um bom resultado em Material de construção, que subiu 1,9% M/M. As vendas de veículos seguem negativas, com queda d e-0,2% M/M, mas indicadores do setor mostram que parte da queda deve-se à falta de oferta e não à falta de demanda, uma vez que há questões de estoques até agora não resolvidas que atrapalham a produção e o nível de preços segue subindo em ritmo há muito tempo não visto (automóveis usados, por exemplo, subiram quase 10% em 12 meses no IPCA).

O varejo mesmo com essa queda está em geral em nível acima do visto antes da pandemia, com alta de 1,6% no varejo ampliado e 3,9% no restrito em relação a fevereiro de 2020. Alguns setores ainda têm espaço para voltar a crescer, com Vestuário (-3,1%), Combustíveis (-3,4%), Veículos (-4,6%), Equipamentos de escritório e comunicação (-5,4%) e Livros e papelaria (-37,1%) tendo níveis abaixo do visto antes da pandemia. Por outro lado, os resultados de Material de construção (21,9%), Outros artigos de uso pessoal (18%) e Artigos farmacêuticos (10,8%) seguem com altas muito fortes para um período de 18 meses.

Houve revisões para baixo nos dados passados de vendas no varejo e a surpresa no dado de junho acabou sendo mais negativa ainda, ficando 2% abaixo do nível previsto. A variação trimestral do varejo restrito no 2º trimestre foi de 3% T/T, abaixo dos 4,1% T/T previstos. A variação negativa em junho no varejo também acompanha a estabilidade no dado da produção industrial para o mesmo mês, que também frustrou expectativas. O IBC-Br de junho pode ficar mais baixo assim, com a variação trimestral podendo até ser ligeiramente negativa para o 2º trimestre. No PIB, o dado não deve ser tão baixo, devido a questão de estoques, porém estimativas para o crescimento da atividade em 2021 podem ser um pouco menores. A projeção é de alta no restante do ano, no varejo e em outros dados de atividade, com a reabertura da economia ajudando setores que ainda estão abaixo do nível de vendas a se recuperarem. Porém, o ritmo de crescimento na margem nos outros setores, que já alcançaram o patamar pré-pandemia ou superaram-no, parece modesto, com exceção do setor de construção.

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