IPCA-15 – Março

IPCA-15 – Março

IPCA – 15 – Março

22/03/13

O IPCA-15 de março teve variação de 0,49% M/M, ficando abaixo da mediana das projeções do mercado (0,53% M/M) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,54% M/M). Com o resultado de março, o IPCA-15 em 12 meses seguiu subindo, indo de 6,18% para 6,43%.

O aumento nos preços segue bastante disseminado no IPCA-15 de março, mesmo com a menor variação em relação aos meses anteriores (0,68% M/M em fevereiro e 0,88% M/M em janeiro). O índice de difusão, que mede quão generalizado é o aumento de preços, subiu de novo e alcançou a marca de 74,2%, o maior nível desde 2003. O índice de difusão excluindo os preços de alimentos também seguiu subindo (de 71,1% para 74,9%), mostrando que o aumento de preços realmente está generalizado e não foi afetado pelo fato de que há mais subitens nesse grupo.

Mesmo com esse aumento generalizado de preços, a variação do índice ficou mais baixa em março do que em fevereiro. Isso resultou da queda mais concentrada em certos itens. Além do enfraquecimento esperado nos grupos Educação e Alimentação (devido a fatores sazonais), houve também uma queda inesperada no grupo Transportes (de 0,46% M/M para 0,32% M/M), a qual respondeu pela maior parte dos desvios em relação à projeção da SulAmérica Investimentos. Dentro do grupo Transportes, a queda ocorreu em especial no subitem Passagem Aérea, que é sempre bem volátil, e respondeu praticamente por boa parte da diferença entre o dado efetivo e o projetado. Dada a volatilidade ou sazonalidade dos itens que surpreenderam para baixo em março, não é possível imaginar que a inflação esteja efetivamente mostrando sinais de arrefecimento.

A inflação de Alimentos e Bebidas segue bem pressionada, mesmo tendo desacelerado em relação aos meses anteriores (alta de 1,40% M/M em março, contra 1,74% M/M em fevereiro e 1,45% M/M em janeiro). Os itens não comercializáveis com o restante do mundo (nontradeables) seguem sendo destaque de alta, assim como a Alimentação fora do domicílio. Os preços de itens tradeables estão mostrando sinais de arrefecimento, porém ainda aquém do que seria esperado dado os preços internacionais de commodities, com a variação em 12 meses ainda acelerando. A desoneração da cesta básica, feita pelo governo federal, deve ter impacto em especial nesses preços, resultando em variação menor desses itens no IPCA final de março e abril.

Outra parte da inflação que vem surpreendendo para cima é a de bens industriais. Já era esperado que os seus preços subissem em 2013, uma vez que as diversas isenções tributárias concedidas em 2012 e que resultaram em inflação muito baixa nesses itens estão sendo terminadas em 2013. Entretanto, a alta tem sido bastante forte, provavelmente potencializada pelas medidas protecionistas do governo brasileiro em relação a importações, pela equalização das taxas de impostos dos diversos portos brasileiros e pela desvalorização cambial que afeta os preços com certa defasagem. Dessa forma, os preços de bens industriais já estão com variação próxima de 4,0% A/A em março de 2013, sendo que eles terminaram 2012 com variação de 1,5% e devem terminar 2013 com variação entre 4,5% e 5,0%.

Os preços de serviços na metodologia do Banco Central tiveram variação bem mais fraca em março, porém essa metodologia inclui o volátil item Passagem Aérea. Na metodologia favorecida pela SulAmérica Investimentos para captar os preços efetivamente ligados ao setor de serviços (retirando também Alimentação fora do domicílio, que sofre impactos de preços de alimentos) o que é possível ver é que a inflação de Serviços parece ter se estabilizado num patamar de 8,0% A/A. Em 2011 parte da queda da variação de inflação era devido à reponderação do IPCA, porém os dados do começo de 2013 mostram que efetivamente houve uma variação menor nesses preços. No entanto, essa variação é menor apenas que o passado recente (2011, quando chegou a 9,0% A/A), se situando ainda acima de qualquer ano desde o início do sistema de Metas de Inflação.

Os preços de bens e serviços administrados não apresentou surpresas, tendo novamente recuo em março devido ao reajuste extraordinário das tarifas de energia elétrica (de 18% no total, sendo que quase 14% dele foi sentido no IPCA-15 de fevereiro e o restante foi sentido no IPCA-15 de março). É importante lembrar que esse recuo das tarifas de energia elétrica contribuiu para que o IPCA-15 fosse 0,50 pp menor em fevereiro e março (sendo que em março também contribuiu o fato de que houve adiamento do reajuste de tarifa de uma das companhias distribuidoras de energia elétrica). Se ele não ocorresse, a inflação observada já teria ultrapassando o teto da banda de metas (6,50%) em fevereiro e seguiria acima dele em março.

O IPCA-15 em março mostrou recuo em relação ao de fevereiro, porém ainda há sinais de que a alta de preços segue disseminada e que a queda, mesmo tendo sido acima da esperada pela SulAmérica Investimentos, não significa que a inflação está arrefecendo. O IPCA-15 abaixo do esperado levou a SulAmérica Investimentos a rebaixar a projeção para o IPCA de março, de 0,54% para 0,50%, com a incorporação de alguns itens como Passagem Aérea na projeção.

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