IPCA – Abril

IPCA – Abril

IPCA – abril

08/05/13

Em abril, o IPCA subiu 0,55% no mês, uma variação acima do consenso do mercado (0,48%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (0,51%). Nos últimos doze meses, a inflação acumulou alta de 6,49%, voltando a ficar abaixo do teto oficial da meta (6,5%). O IPCA, porém, ainda deve ficar em torno desse patamar até junho deste ano. A queda no IPCA em 12 meses deve ocorrer de forma consistente apenas de julho em diante.

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A inflação de abril mostrou uma aceleração em relação ao mês anterior (0,47% M/M) basicamente devido ao comportamento de três grupos, que também foram os responsáveis pela surpresa em relação às expectativas. O grupo Saúde e Cuidados pessoais mostrou variação de 1,28% M/M, acima da vista no mês anterior (0,32%) e da projetada (1,0%), devido em especial à maior variação dos preços dos remédios. Os preços de remédios são administrados, ocorrendo em abril uma parte do reajuste permitido pelo governo (que depende basicamente da inflação passada acumulada nos 12 meses anteriores) é feita. Em 2013, o reajuste máximo permitido foi maior do que em 2012, devido ao aumento da inflação no período. Em abril de 2013 houve um repasse maior do que em abril de 2012, indicando que as empresas veem espaço para repassar seus aumentos de custos sem perder demanda. Essa inflação mais alta, portanto, deve-se tanto a uma maior inércia quanto à maior demanda. Outros grupos que tiveram variações mais positivas foram Artigos de residência e vestuário (esse último, no entanto, tem mostrado arrefecimento na variação em 12 meses. O aumento visto entre março e abril foi mais devido ao aspecto sazonal desses preços).

O aumento de preços ainda está ocorrendo de forma bastante disseminada. O índice de difusão, que mede o percentual de subitens que teve alta no mês, recuou novamente em abril, para 65,8%, sendo que ele já foi de 75% em janeiro desse ano. O recuo do índice de difusão, no entanto, está bastante associado aos preços de alimentos, que têm bem mais subitens do que os demais grupos e, portanto, influenciam esse indicador. O índice de difusão exclusive alimentos subiu entre março e abril, mesmo descontando-se os efeitos sazonais.

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Nas categorias de uso, cabe destacar que os preços de alimentos mostraram algum arrefecimento na margem (variação mensal diminuiu de 1,36% para 1,10%), apesar de ainda estarem com variações elevadas, basicamente devido ao comportamento dos preços de alimentos tradeables (que podem ser importados ou exportados). Esses tiveram variação bem próxima de zero em abril. Os alimentos nontradeables ainda tiveram variação muito elevada (próxima de 5,0% M/M), porém há indícios de que eles possam finalmente começar a mostrar variação mais baixa a partir de maio, devolvendo parte da alta vista desde o começo do ano.

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Os preços de bens industriais mostraram variação levemente positiva em abril (0,37% M/M), porém mais baixa que a vista no mês anterior (0,43%). A variação em 12 meses também recuou (de 4,10% para 3,81%). Essa variação menor dos bens industriais está ligada a uma variação menor nos preços de automóveis, sendo que a suspensão dos aumentos de IPI planejados para este ano deve manter essa pressão baixista nesses preços. A expectativa para o final do ano ainda é de que esses preços mostrem variação entre 3,5% e 4,0%, devido aos efeitos defasados da desvalorização cambial, ao maior crescimento da demanda e ao maior custo das importações.

Nos preços de serviços, houve variação menor em abril de 2013 (0,54% M/M) do que em abril de 2012 (0,76%). Com isso a inflação de serviços em 12 meses recuou de 8,37% para 8,12%. Mesmo com esses recuos pontuais, é difícil imaginar que a inflação de serviços fique muito mais baixa do que está atualmente, devido ao mercado de trabalho com pouca ociosidade. Em especial em maio pode haver um aumento na taxa de inflação de serviços em 12 meses devido à baixa variação vista no mesmo mês do ano anterior (0,21%).

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O IPCA de abril surpreendeu para cima, porém os números de inflação dos próximos meses devem ser menores. É esperado que o IPCA de maio, por exemplo, mostre variação pelo menos 0,20 pp menor que o de abril (em torno de 0,35%). A inflação mais baixa dos próximos meses, em conjunto com menor pressão de inflação vinda do exterior (preços de commodities mias baixos e sem desvalorização adicional do Real), deve fazer o Banco Central seguir com aumento de juros de 25 pb.

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