IPCA – Agosto/17

IPCA – Agosto/17

IPCA – Agosto 2017

A inflação medida pelo IPCA em agosto ficou em 0,19% M/M, abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (0,27%) e da mediana das projeções do mercado (0,30%). A inflação acumulada no ano está em 1,62% e a acumulada em 12 meses seguiu diminuindo, chegando a 2,46% A/A, o nível mais baixo desde fev/99 (quando foi 2,24% A/A), antes do regime de câmbio flutuante.

Houve quatro grupos em que a inflação foi menor em agosto do que em julho, quando a inflação total foi 0,24% M/M. A maior parte da queda entre um mês e outro ficou concentrada em Alimentação e bebidas (de -0,47% M/M para -1,07% M/M) e Habitação (de +0,25% M/M para +0,09% M/M, com a mudança da bandeira tarifária). Houve também reduções menores em Despesas Pessoais e Comunicação. O grupo que mais teve alta, por outro lado, foi Transportes (de 0,34% M/M para 1,53% M/M), influenciado pela alta nos combustíveis devido aos aumentos de impostos (gasolina subiu 7,19% M/M enquanto etanol subiu 5,71% M/M, e o diesel 3,88% M/M).

O aumento de preços de combustíveis fez a inflação de administrados subir 1,73% M/M, enquanto a inflação de preços livres teve recuo de -0,31% M/M, a menor variação para esse grupo desde jun/06 (quando foi -0,35%). A inflação de preços livres em 12 meses diminuiu para 1,25% A/A, menor patamar desde jan/99 (quando também foi 1,25% A/A).

Esses números recordes de inflação de preços livres foram bastante influenciados pela inflação de alimentos. Os preços de alimentos estavam subindo substancialmente até ago/16 (quando alcançaram 13,92% A/A), mas desde então eles têm surpreendido para baixo, alcançando -2,02% A/A em agosto, menor nível de toda série histórica do IPCA. A mudança dos fatores climáticos, que levou à safra recorde desse ano, junto com a valorização cambial ajudam a explicar esse comportamento dos preços de alimentos. A partir de setembro, no entanto, os preços de alimentos em 12 meses devem começar a ficar menos negativos, devido à mudança de base de comparação. Isso deve influenciar o IPCA total, fazendo com que agosto seja o mês de menor variação A/A desse ciclo.

A parte da inflação mais suscetível à política monetária segue com variações baixas. A inflação de preços livres ex alimentos ficou em 3,0% A/A em agosto, menor patamar desde jul/07 (ela chegou a 2,2% em mar/07). Essa inflação na ponta segue com variações baixas, tendo passado de 0,06% M/M em julho para 0,19% M/M em agosto. Em termos anualizados isso ainda é abaixo de 2,5%. Entretanto, a inflação de bens industrializados e serviços não deve permanecer tão baixa assim nos próximos meses. Ela ainda deve terminar o ano pouco acima de 3,0%, mas deve acelerar para pelo menos 4,0% no ano que vem, devido à incipiente recuperação econômica e diminuição da ociosidade, causada pela queda substancial da taxa Selic (de 14,25% para algo entre 7,00% e 7,50% nos próximos meses). É importante mencionar que a taxa Selic afeta a inflação com defasagem, e que o IPCA de agosto ainda está refletindo a taxa de juros de 9 a 12 meses atrás.

A inflação de agosto ficou no piso das expectativas do mercado e está no menor patamar em anos. Há fatores que indicam que ela deve subir daqui para frente, em especial se a recuperação econômica se tornar mais forte (como parece estar acontecendo), mas o IPCA de 2017 ainda deve ficar pouco acima de 3,0% (a expectativa da SulAmérica Investimentos é de 3,2%).

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