IPCA – agosto 2014

IPCA – agosto 2014

IPCA – agosto 2014

A inflação brasileira medida pelo IPCA ficou em 0,25% M/M em agosto, abaixo da projeção da SulAmérica Investimentos (0,27%), porém igual à mediana das projeções do mercado (0,25%). Em 12 meses a inflação acumulada é de 6,51% A/A, sendo esse o terceiro mês seguido em que ela fica em torno do teto da meta (6,5%).

Os preços administrados seguem subindo bastante (0,51% M/M em agosto, contra 0,17% M/M dos preços livres). Os preços administrados acumulam inflação de 5,0% A/A nos últimos 12 meses, e eles devem seguir subindo nessa comparação, devendo alcançar 6,0% no final do ano. O aumento de energia elétrica no ano deve ser o destaque nesses preços, porém mesmo com os reajustes substanciais já vistos, ainda é necessário um reajuste bem elevado para 2015 e nos próximos anos. Outros preços administrados ainda seguem com grande potencial de reajuste (como a gasolina), fazendo com que a inflação de administrados projetada para o ano que vem siga em 7,0%, no mínimo.

Os preços livres tiveram variação baixa em agosto (0,17%), porém mais elevada que a vista em julho (-0,10%). No dado acumulado em 12 meses, os preços livres seguem tendo variação em torno de 7,0% A/A, mostrando desaceleração muito pequena em relação ao final do ano passado (7,3%).

Essa desaceleração dos preços livres está concentrada nos preços de alimentos, que tiveram seu terceiro mês consecutivo de deflação (-0,15% em agosto). O comportamento benigno dos preços de alimentos está relacionado à melhor safra nesse ano de itens nontradeables e aos preços das commodities internacionais, que estava em queda até agosto. O potencial de queda nos preços de alimentos parece estar chegando ao final, no entanto, como pode ser visto pelo aumento do IPA agrícola no IGP-DI de agosto (após três meses consecutivos de forte queda).

A inflação de serviços voltou a ficar no seu patamar usual nos últimos anos (0,59% M/M em agosto), após ter sido negativa em julho, também ficando em 8,4% no dado acumulado em 12 meses. Mesmo excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea, a inflação de serviços seguiu bastante pressionada, em 7,9% A/A em agosto (mesmo número que o visto em dez/13). Mesmo com o mercado de trabalho menos aquecido e o país em recessão técnica, a inflação de serviços está desacelerando muito lentamente, uma vez que a taxa de desemprego segue bastante abaixo da sua taxa não inflacionária (NAIRU).

A inflação de bens industriais teve um alívio em agosto, com a variação em 12 meses diminuindo de 6,1% A/A para 5,8% A/A. Contribuem para esse alívio pequeno na inflação de bens industriais a estabilização da taxa de câmbio nos últimos meses e o adiamento dos aumentos de impostos em certos produtos (como bebidas), além da atividade econômica mais fraca. Mesmo assim, é importante destacar que os aumentos de impostos provavelmente terão de ocorrer no futuro, para equilibrar as contas fiscais brasileiras. Não dar aumento de impostos sem cortar gastos pode ajudar a inflação no curto prazo, mas a deterioração da situação fiscal brasileira é inflacionária no médio prazo.

A inflação brasileira, portanto, ficou próxima das expectativas em agosto. A variação mensal deve seguir subindo ao longo do segundo semestre, fazendo a inflação em 12 meses ficar em torno de 6,5% A/A até novembro pelo menos. Para o mês de setembro a expectativa da SulAmérica Investimentos é de variação de 0,41% M/M no IPCA. A inflação no final do ano depende de quanto será dado de reajuste no preço da gasolina (algo que o ministro da Fazenda, Mantega, disse que ocorrerá nesse ano). Caso o reajuste seja zero, a inflação de 2014 ficará entre 6,2% e 6,3%. A inflação do ano que vem deve seguir pressionada, em especial pelo aumento dos preços administrados.

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