IPCA – agosto

IPCA – agosto

IPCA – agosto

06/09/13

Em agosto o IPCA teve variação de 0,24% M/M, praticamente em linha com a mediana de projeções do mercado (0,24% M/M) e abaixo da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,30% M/M). A inflação acumulada em 12 meses segue caindo, tendo passado de 6,27% A/A em julho para 6,09% A/A em agosto.

Como dito no Economic Highlight anterior sobre IPCA, a variação muito baixa do IPCA de julho (0,03% M/M) havia sido causada por fatores temporários. O aumento da inflação em agosto em relação ao mês anterior, portanto, mostra que esses fatores realmente eram temporários. A variação maior no mês de agosto foi causada em especial pelo fim da deflação no grupo Alimentação e bebidas (0,01% M/M em agosto, contra -0,33% M/M em julho) e pela menor deflação no grupo Transportes (-0,06% M/M contra -0,66%). O primeiro caso deve-se aos efeitos sazonais, enquanto o segundo deve-se à retirada da revogação dos aumentos das tarifas de transporte urbano do cálculo. Houve também, no caso dos Transportes, contribuição para baixo vinda dos combustíveis, em especial do álcool e da gasolina (puxada pelo álcool).

A desagregação do IPCA em 4 grandes grupos (administrados, serviços, alimentação e bebidas e bens industriais) mostra como os preços administrados estão sendo usados para manter a inflação artificialmente mais baixa. O não reajuste de preços administrados (como transporte urbano), em conjunto com quedas de tarifas no caso da eletricidade, tem feito o IPCA administrado ter variação próxima de 1,3% no acumulado em 12 meses, uma das menores da série histórica. Essa variação de preços muito baixa desse grupo tem caráter político, não refletindo o aumento de custos desses bens e serviços administrados.

A inflação de serviços segue pressionada. Os dados utilizando a metodologia do Banco Central mostram variação de 0,60% M/M e 8,6% A/A, contra 0,64% M/M e 8,5% A/A do mês anterior. Os dados excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea mostram que uma leve aceleração no mês de agosto na comparação A/A, tendo passado de 8,0% para 8,2% A/A. A inflação elevada dos preços de serviços é resultado da baixa ociosidade do mercado de trabalho nos últimos anos. Já há sinais de que o mercado de trabalho está ficando mais fraco (dados do CAGED e da taxa de desemprego dessazonalizada), porém o ajuste nesse componente da inflação deve ser lento.

A inflação de bens industriais permanece elevada no cálculo em 12 meses, em torno de 4,5% A/A. A variação mensal dos preços de bens industriais deixou de ser próxima de zero em agosto (0,28% M/M), e deve ficar mais elevada nos próximos meses, à medida que a depreciação cambial mais recente (desde junho) é repassada para esses preços. Esse é um processo longo, que deve fazer esse componente do IPCA ter variação mensal acima de 0,30% M/M por um bom período, mantendo a inflação anual no patamar de 4,5% A/A.

O câmbio também está fazendo efeito na variação dos alimentos comercializáveis. Essa variação subiu de 0,39% M/M em julho para 0,53% M/M em agosto. O maior efeito do câmbio deve ser sentido nesse grupo no mês de setembro, porém ele pode não ser tão grande, devido à acomodação na taxa de câmbio nas últimas semanas. Uma surpresa tem sido a persistência da deflação nos preços de Alimentos não comercializáveis, que permanecem com intensidade muito alta. De qualquer forma, o grupo Alimentação e bebidas deve ter variação mais forte nos próximos meses.

O IPCA dos próximos meses deve mostrar aceleração, com fatores pontuais que estavam por detrás da acomodação nos últimos meses desaparecendo. Os efeitos da depreciação cambial que ocorreu entre maio e julho também devem começar a ser sentidos em alguns preços, inicialmente de alimentos. A expectativa da SulAmérica Investimentos é de que a inflação desse ano termine em torno de 5,9%.

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