IPCA – Dezembro/15

IPCA – Dezembro/15

IPCA – Dezembro 2015

A inflação em dezembro medida pelo IPCA ficou em 0,96% M/M, abaixo da mediana das projeções do mercado (1,05%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (1,10%). Com esse número, o IPCA teve alta de 10,67% A/A em 2015, com a variação em 12 meses terminando no seu nível máximo no ano em dezembro (tendo subido de 10,48% em novembro). Desde novembro de 2003 a variação em 12 meses não é tão elevada (foi 11,02% nesse período) e desde 2002 que o IPCA não termina o ano com uma variação tão alta (foi 12,53% na ocasião).

A inflação de 0,96% M/M foi um pouco abaixo do número visto em novembro (1,01%), com as principais quedas ocorrendo em Alimentação e bebidas (de 1,83% M/M para 1,50% M/M) e Habitação (de 0,76% M/M para 0,49% M/M). A surpresa em relação às expectativas ficaram concentradas em Alimentação e bebidas, que destoou consideravelmente do que estava sendo visto no monitor de inflação FGV, e Transportes.

A inflação de administrados teve alta menor no final do ano, com variação de 0,53% M/M contra 1,09% M/M no mês anterior, indo em linha com as expectativas. A inflação de administrados no ano foi de 18,06%, sendo responsável por 4,13 pp da variação do IPCA total em 2015.

A inflação de preços livres ficou menor que o esperado, mas ainda assim acelerou entre novembro (0,99% M/M) e dezembro (1,10% M/M). A inflação de preços livres terminou o ano com variação de 8,50% A/A, patamar mais elevado do ano e o mais alto desde nov/03 (quando foi 9,70% A/A).

A maior variação dos preços livres em dezembro decorreu dos itens nontradeables (que passaram de 0,86% M/M para 1,27% M/M). A inflação dos itens tradeables teve variação menor do que no mês anterior (0,91% M/M contra 1,14% M/M), com o impacto da depreciação cambial de agosto-setembro se diluindo ao longo do tempo.

A inflação de serviços se enfraqueceu em 2015, mas pouco, considerando a queda na atividade e aumento no desemprego visto ao longo do ano. Os preços de serviços subiram 8,12% A/A em 2015, contra 8,33% A/A em 2014. Retirando do cálculo passagem aérea e alimentação fora do domicílio, a inflação de serviços mostrou maior enfraquecimento (de 7,72% em 2014 para 7,40% em 2015), mas ainda assim muito pouco e deve-se ressaltar que a inflação de serviços está em trajetória de alta desde jun/15 nesse caso (havia chegado a 6,7% A/A na ocasião).

A inflação de alimentos também foi responsável pelo IPCA de 2015 ser tão elevado, tendo subido em todos os casos. A alimentação fora do domicílio subiu de 9,79% em 2014 para 10,37% em 2015, os itens nontradeables do domicílio subiram de 1,89% para 21,77% e os itens tradeables de 8,29% A/A para 11,04% A/A.

A inflação de bens industriais também subiu bastante em 2015, com variação de 6,88% contra 4,56% do final de 2014. Os aumentos de impostos e a depreciação cambial mais do que compensaram a fraqueza na demanda, fazendo com que houvesse mais reajustes de preços nesse segmento.

Basicamente nenhuma das categorias de uso terminou 2015 sequer perto do teto da meta de inflação (6,50%). A inflação pode ter surpreendido para baixo no mês de dezembro, porém ela ainda está em patamar elevado e está sendo repassada para outros preços através de reajustes salariais que a tomam como base.

A inflação de 2016 deve ser menor que a de 2015, com os preços administrados devendo ter menor impacto. Entretanto, o reajuste de preços administrados, de forma geral, ainda deve ser maior que o teto da meta de inflação, não contribuindo para uma queda maior do que 2,3 pp para o IPCA total de 2016 em relação a 2015. O repasse cambial também deve ser menor, uma vez que é esperado depreciação cambial menor em 2016 do que em 2015 (quando foi de aproximadamente 50%). O grande problema, como mencionado acima, é a inércia, que está impedindo a recessão de ter todo o efeito desinflacionário que deveria ter, junto com a desancoragem de expectativas inflacionárias, causada pela política fiscal problemática. A expectativa da SulAmérica Investimentos é de que o IPCA de janeiro fique em torno de 0,88% M/M, ainda bastante elevado devido aos reajustes de preços administrados e ligados ao salário mínimo.

Topo