IPCA – Dezembro

IPCA – Dezembro

IPCA – Dezembro

20/12/13

O IPCA-15 de dezembro mostrou variação de 0,75% M/M, acima das expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (0,65% M/M) e da projeção da SulAmérica Investimentos (0,66% M/M). A taxa de variação em 12 meses do IPCA-15 subiu de 5,79% A/A no mês anterior para terminar o ano em 5,85%, nível acima do visto no ano de 2012 (5,78%).

A maior parte da aceleração na inflação entre novembro e dezembro ocorreu no grupo Transportes (que passou de 0,39% para 1,17%) e Despesas Pessoais (de 0,68% para 1,18%). No grupo Transportes cabe destacar o aumento de preços em passagens aéreas (20,15% M/M, com impacto de 0,11 pp), gasolina (+2,15%, com impacto de 0,08 pp) e álcool (+2,42%, com impacto de 0,02 pp). No grupo Despesas Pessoais, cabe destacar o aumento de preços de cigarros (2,47% M/M, com impacto de 0,02 pp) e o aumento nos preços de serviços pessoais (de 0,63% M/M para 0,93% M/M). Houve também aumento na inflação de Habitação, Artigos de residência, Saúde e Comunicação, com menor impacto sobre o IPCA total. Por outro lado, a variação nos preços de Alimentação e bebidas, Vestuário e Educação diminuiu.

O IPCA-15 em 2013 teve três grupos com inflação abaixo do centro da meta (Comunicação, Habitação e Transportes), sendo que dois deles (Habitação e Transportes) tiveram interferência do governo para que houvesse aumento menor nos preços (queda do preço da energia elétrica e não reajuste das tarifas de ônibus e metrô). Dois grupos tiveram inflação acima da meta, mas abaixo do teto (Artigos de residência e Vestuário), enquanto os demais quatro grupos tiveram inflação acima do teto da meta (6,5%), sendo eles Despesas Pessoais (9,19%), Alimentação e bebidas (8,52%), Saúde e cuidados pessoais (7,09%) e Educação (7,89%). Desses grupos com inflação acima do teto da meta, houve aceleração em dois (Saúde e Educação) e desaceleração em dois (Alimentação e despesas pessoais).

Os preços de bens e serviços administrados tiveram um aumento na inflação de dezembro (0,64%) em relação a novembro (0,28%), mas ainda assim terminaram o ano com variação muito baixa (1,15% A/A). Muitos desses preços foram usados para manter a inflação artificialmente baixa ao longo do ano, como foi o caso de energia elétrica, tarifas de ônibus e metrô e com um reajuste menor que o esperado em gasolina.

A inflação de preços livres terminou o ano com variação de 7,34% A/A, mais elevada que a do ano passado (6,41%). Houve aumento na variação tanto de preços comercializáveis quanto de não comercializáveis, mas com maior impacto nos primeiros devido à depreciação cambial. A inflação de tradeables passou de 4,43% A/A em 2012 para 5,92% A/A em 2013, sendo que a inflação dos nontradeables passou de 8,22% para 8,61%. O aumento na inflação nos últimos meses do ano está ocorrendo mais nos preços não comercializáveis.

Dentro da inflação de não comercializáveis, o aumento nos últimos meses do ano pode ser creditado à inflação de serviços. Essa tem subido desde abril, sendo que terminou o ano com variação de 8,94% A/A, próximo do máximo histórico dela (9,00% em dez/11). No cálculo excluindo os preços das passagens aéreas e alimentação fora do domicílio, a inflação de serviços mostra uma tendência ainda mais clara de alta nos últimos meses, mesmo que esteja em patamar menor (8,60% A/A). A tendência de alta na inflação de serviços decorre da baixa taxa de desemprego, que permite o aumento da renda acima dos ganhos de produtividade.

A inflação de bens industriais terminou o ano com variação de 5,0% A/A, a mais alta desde set/05. A depreciação cambial está por detrás de parte desse aumento, assim como a recomposição das alíquotas de impostos sobre diversos produtos (IPI de automóveis e sobre linha branca). Deve-se lembrar que a tendência do câmbio, desde agosto de 2011, é de depreciação, e que isso deve prosseguir em 2014, assim como o aumento dos impostos sobre produtos industrializados. Dessa forma, esses preços seguirão sendo uma fonte de pressão sobre a inflação.

A inflação de Alimentos, como foi dito anteriormente, mostrou alívio no mês, sendo que houve variação menor em especial nos alimentos comercializáveis, graças à queda nos preços de commodities agrícolas internacionais. Os preços de alimentos não comercializáveis com exterior, grande fonte de pressão no começo do ano, tiveram variação modesta para os seus padrões, mantendo a taxa de variação A/A de cerca de 10,0%.

Os núcleos de inflação seguem em torno de 0,50% M/M, ou seja, cerca de 6,0% em termos anualizados.

O IPCA-15 de dezembro, dessa forma, surpreendeu para cima, com variação mais forte em especial em passagens aéreas. A projeção da SulAmérica Investimentos para o IPCA de dezembro permanece em 0,79% M/M, sendo que ela estava acima da mediana do mercado (0,72% M/M) antes dessa divulgação. Mesmo a variação projetada pela SulAmérica Investimentos, no entanto, não seria alta o suficiente para evitar que a inflação de 2013 fosse ligeiramente inferior à de 2012, no caso do IPCA cheio. Mas, deve-se ressaltar que a trajetória de inflação para 2014 não é tão tranquila quanto o Banco Central parece imaginar. O aumento dos preços administrados, em conjunto com pressão ainda elevada nos preços de bens industriais e serviços, além da possibilidade de nova depreciação cambial, deve fazer a inflação ao consumidor em 2014 permanecer elevada.

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