IPCA – Janeiro/16

IPCA – Janeiro/16

IPCA – Janeiro 2016

A inflação medida pelo IPCA em janeiro ficou em 1,27% M/M, bem mais alta que o projetado pela SulAmérica Investimentos (0,94%) ou que a mediana das projeções do mercado (1,10%). A variação mensal de janeiro de 2016 foi a mais alta para um mês de janeiro desde 2003 (quando foi 2,25%).

Era esperado que a inflação acumulada em 12 meses começasse a cair a partir de janeiro, porém o nível surpreendentemente alto da inflação de jan/16 fez com que a inflação em 12 meses passasse de 10,67% A/A em dezembro para 10,71% A/A em janeiro.

Os grupos que tiveram inflação mais elevada em janeiro foram Alimentação e bebidas (2,28%) e Transportes (1,77%), com contribuição de 0,58 pp e 0,33 pp, respectivamente. Ou seja, esses dois grupos respondem por 0,90 pp da inflação total (os outros grupos respondendo por 0,37 pp). Houve variação maior que a esperada (e maior que a do mês anterior) também em Saúde e cuidados pessoais e Despesas pessoais.

A inflação de Alimentos estava abaixo da medida por outros institutos (como FGV e FIPE) em dezembro, mas voltou a se aproximar dessas medições na inflação de dezembro. A inflação de Transportes ficou bastante elevada devido aos reajustes de transportes urbanos em diversas cidades (São Paulo e Rio de Janeiro em especial) e devido ao aumento de preços de combustíveis, nesse caso causado pelo aumento do preço do etanol, que está influenciando a gasolina.

A inflação de administrados foi alta em janeiro (1,75% contra 0,53% no mês anterior), mas ainda mais baixa que a inflação de janeiro de 2015 (2,50%), quando houve mais reajustes de energia elétrica e transportes urbanos. Assim, a inflação em 12 meses de administrados começou a recuar, mas menos do que era esperado (devido à alta de combustíveis), estando agora em 17,20%.

A inflação de livres também foi alta em janeiro (1,12% M/M, contra 1,10% M/M no mês anterior), subindo no acumulado em 12 meses (de 8,50% para 8,76%). No caso dos bens livres, é importante mencionar que houve aceleração pequena tanto na inflação de tradeables (de 0,91% para 0,92% M/M) quanto na de nontradeables (de 1,27% para 1,28%), pelo menos na comparação mensal. Na comparação anual, no entanto, houve enfraquecimento na inflação de nontradeables (de 8,69% para 8,62%), enquanto houve fortalecimento na inflação de tradeables (de 8,27% para 8,93%). Essa é a primeira vez desde 2008 que a inflação de tradeables supera a de nontradeables em 12 meses.

A maior fraqueza relativa da inflação de nontradebles está relacionada ao aumento do hiato do produto e desemprego, que está tendo um efeito, mesmo que pequeno, sobre a inflação de serviços (que caiu de 8,12% para 7,90%). A inflação de alimentação fora do domicílio também recuou, pelos mesmos motivos. Apenas a inflação de alimentos nontradeables subiu, devido a fatores climáticos (9,53% M/M, 23,76% A/A).

A inflação de tradeables está subindo devido aos efeitos defasados da depreciação cambial. Os alimentos tradelabes subiram 1,34% M/M e 12,01% A/A, enquanto os bens industriais subiram 0,82% M/M e 6,82% A/A.

A expectativa da SulAmérica Investimentos é de que a inflação permaneça pressionada em fevereiro, agora contabilizando os reajustes de educação (que outros índices de inflação já mostraram ser bastante elevados). A projeção é de variação de 1,0% M/M em fevereiro. A inflação no ano deve ficar em torno de 8,0%, diminuindo em relação ao ano passado devido à menor pressão de administrados (em especial energia elétrica, que deve ter redução nos dois próximos meses). Caso a taxa de câmbio volte a se depreciar de maneira mais forte, é possível que a projeção de desinflação seja frustrada.

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