IPCA – Janeiro

IPCA – Janeiro

IPCA – janeiro

07/02/13

Em janeiro, o IPCA subiu 0,86% no mês, o mais alto valor para o primeiro mês do ano dos últimos dez anos. Esse resultado veio acima do consenso do mercado (0,83%), como de nossa projeção (0,80%). Nos últimos doze meses, a inflação acumulou alta de 6,15%, aproximando-se do teto oficial da meta (6,5%).

A elevação da inflação captada pelo IPCA de janeiro foi disseminada. O índice de difusão, que se situava em 70,7% em dezembro, subiu para 75,1% com o último dado. A generalização das altas dos preços, captadas pela elevação do índice de difusão, indica uma maior persistência inflacionária em patamares elevados a médio prazo, ainda que se espere certo arrefecimento do índice em fevereiro por conta da redução das tarifas de energia elétrica.

A aceleração da inflação no mês foi resultado, em grande parte, da alta dos preços dos alimentos. O item alimentação no domicílio aumentou 2,49% (1,17% em dezembro), com grande influencia altista dos produtos in naturas.

Excluindo-se os alimentos do índice, a inflação se desacelerou de 0,72% em dezembro para 0,51% com o dado de janeiro. Esse resultado captou os primeiro efeitos da redução das tarifas de energia elétrica, a qual recuou 3,91% no mês, contribuindo para queda de 0,13 ponto percentual no índice. Pelo lado dos serviços, os preços permaneceram estáveis, mas pressionados: 0,93% em janeiro contra 0,95% em dezembro.

Os núcleos, medidas para tentar calcular a tendência do IPCA excluindo fatores pontuais mais voláteis, seguiram mostrando tendência de alta na variação em 12 meses, encontrando-se em 5,80% em média, contra 5,47% no mês anterior. A variação mensal média dos núcleos também subiu, de 0,69% M/M em dezembro para 0,79% M/M em janeiro.

Dentre as categorias de uso, cabe destacar que apenas os preços administrados, que mostraram queda de 0,22%, contra alta de 0,33% no mês de dezembro. Esse recuo deveu-se exclusivamente a queda dos preços da energia elétrica definida na última semana de janeiro, bem como pelo adiamento dos reajustes de tarifas de transporte urbano em SP e RJ, que tradicionalmente ocorreriam no período.

Os preços de serviços e de bens industriais seguem com inflação maior na margem, como é esperado. Os serviços permanecem pressionados por conta de um mercado de trabalho apertado, sustentando a alta dos salários. Por outro lado, a desvalorização do câmbio e o fim de algumas isenções de impostos sobre bens industriais (além de aumentos de impostos para certos bens, como bebidas alcoólicas e cigarros), levam à alta dos preços de bens duráveis em geral.

De uma maneira geral, o ambiente inflacionário emite sinais de deterioração neste início do ano. Mesmo levando-se em conta que importantes regiões metropolitanas terem postergado os reajustes de transporte público e do IPCA de janeiro já captar os primeiro impactos da redução da tarifa de energia elétrica, pressões adicionais mantiveram o indicador em patamar elevado. Esse quadro é confirmado pelas diferentes medidas de núcleos, que revelam que mesmo expurgando os fatores pontuais e temporários, o cenário inflacionário permanece ruim.

Em fevereiro deveremos ter uma IPCA rodando em torno de 0,35%. O índice deve captar maior parte impacto da redução da tarifa de energia elétrica e a desaceleração do grupo alimentação. No entanto, a dinâmica da formação dos preços deve se manter desfavorável, com as condições subjacentes da inflação continuarem mostrando a disseminação das pressões inflacionárias pelos demais grupos de produtos que compõem o índice.

Topo