IPCA – Julho

IPCA – Julho

IPCA – Julho

07/08/13

Em julho, o IPCA teve variação de 0,03% no mês, um pouco acima da mediana das projeções do mercado (0,00%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (também 0,00%). A inflação acumulada nos últimos doze meses diminuiu de 6,70% em junho para 6,27% em julho.

A variação muito baixa da inflação do mês de julho foi causada por eventos que têm caráter sazonal ou temporário. O IPCA do mês foi bastante afetado pela deflação nos grupos Alimentação e bebidas (-0,73%), Transportes (-0,66%) e Vestuário (-0,39%). Os grupos Alimentação e bebidas e Transportes juntos respondem por cerca de 43% do IPCA total. A queda no grupo Vestuário tem caráter sazonal, relacionado à liquidação da temporada de inverno. Já a variação do grupo Transportes está relacionada à revogação do aumento de tarifas de transporte urbano nas principais capitais do país. No grupo Alimentação e bebidas, houve deflação bem intensa nos itens não comercializáveis com o exterior (-4,98% M/M), que são bastante afetados por efeitos sazonais. Nesse último caso, indicadores diários de inflação já mostram arrefecimento dessa deflação nos últimos dias, e a sazonalidade usual indicaria que julho seria o mês com variação mais negativa.

A desagregação do IPCA em 4 grandes grupos (administrados, serviços, alimentação e bebidas e bens industriais) mostra como os preços administrados estão sendo usados para manter a inflação artificialmente mais baixa. O não reajuste de preços administrados (como transporte urbano), em conjunto com quedas de tarifas no caso da eletricidade, tem feito o IPCA administrados ter variação próxima de 1,3% no acumulado em 12 meses, uma das menores da série histórica. Essa variação de preços muito baixa desse grupo tem caráter político, não refletindo o aumento de custos desses bens e serviços administrados.

A inflação de serviços permanece estável em patamar alto. Os dados utilizando a metodologia do Banco Central mostram variação de 0,64% M/M e 8,5% A/A, contra 0,64% M/M e 8,6% A/A do mês anterior. Os dados excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea mostram que a inflação de serviços está estável em torno de 8,0% A/A desde o começo de 2012, resultado da baixa ociosidade do mercado de trabalho. Por mais que seja estimada uma piora no mercado de trabalho no futuro, devido à desaceleração econômica, o ajuste nesse componente da inflação deve ser lento.

A inflação de bens industriais permanece elevada no cálculo em 12 meses, em torno de 4,5% A/A. Essa variação alta em 12 meses ocorre mesmo com a variação próxima de zero na comparação mensal nos últimos dois meses, que mostra que a recente desvalorização cambial ainda não foi repassada para esses preços. Quando ela for, eles ficarão ainda mais pressionados.

O IPCA dos próximos meses deve voltar a mostrar inflação mais elevada, com a expectativa para agosto sendo de 0,30% M/M. Os fatores responsáveis pela inflação baixa em julho parecem ser pontuais ou sazonais, não afetando a perspectiva de uma inflação acima do centro da meta para esse ano e para o próximo. Além disso, mesmo os efeitos da desaceleração econômica podem ser compensados pela desvalorização cambial, que ainda não afetou muitos preços, começando a ser sentida de forma mais aguda em setembro desse ano.

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