IPCA – Março

IPCA – Março

IPCA – Março

10/03/13

Em março, o IPCA subiu 0,47% no mês, uma variação abaixo do consenso do mercado (0,50%) e da projeção da SulAmérica Investimentos (0,53%). Nos últimos doze meses, a inflação acumulou alta de 6,59%, ultrapassando o teto oficial da meta (6,5%). No próximo mês há uma grande probabilidade de o IPCA em 12 meses voltar a ficar abaixo de 6,50%, porém ele ainda deve ficar em torno desse patamar até junho deste ano. A queda no IPCA em 12 meses deve ocorrer de forma consistente apenas de julho em diante (o que é problemático para a maior parte dos reajustes salariais, que ocorrem no 2º trimestre do ano e que incorporariam uma inflação elevada e acima do teto da meta).

A inflação de março recuou em relação à do mês anterior (0,60% M/M), com menor variação em quase todos os grupos (as exceções foram Habitação e Comunicação). A queda na variação do grupo Educação (de 5,40% para 0,56%) foi responsável por 0,21 pp da variação menor do IPCA e ocorreu devido a fatores sazonais (os reajustes de mensalidades escolares são concentrados em fevereiro na mensuração do IPCA). A alta do grupo Habitação também era esperada, uma vez que o dado de fevereiro havia incorporado a maior parte da queda de 18% das tarifas de energia elétrica residenciais.

O aumento de preços ainda está ocorrendo de forma bastante disseminada. O índice de difusão, que mede o percentual de subitens que teve alta no mês, recuou em relação ao do mês anterior, de 72% para 69%. Apesar de este ser o segundo mês consecutivo de recuo nesse indicador, ele ainda está num patamar que é condizente com os momentos de inflação mais elevada no passado recente (últimos 5 anos). Observando-se um índice dessazonalizado de difusão, que exclui a variação dos alimentos do cálculo (uma vez que eles, por terem o maior número de subitens, podem influenciar em demasia o índice), se vê o mesmo cenário: um índice de difusão que caiu em relação aos números elevados de janeiro e fevereiro, porém ainda num patamar muito elevado para os padrões históricos.

Nas categorias de uso, não houve muita alteração nas tendências que estavam sendo vistas nos últimos meses. A inflação de bens e serviços administrados segue baixa (houve variação ligeiramente positiva em março, como esperado, devido basicamente à influência do governo (federal e estadual) para evitar aumento de tarifas, ao mesmo tempo em que houve quedas consideráveis nos últimos meses (em especial na energia elétrica).

A inflação de serviços mostrou uma variação mais baixa em março do que a esperada, no cálculo que não leva em conta o volátil item Passagem Aérea e a inflação de alimentos fora do domicílio, que é influenciada pela inflação de alimentos de forma geral. Essa inflação de serviços ficou em 8,00% em março na comparação A/A (contra 8,06% no mês anterior).

A inflação de bens industriais foi de 0,43% M/M em março, contra 0,65% M/M em fevereiro e 0,80% M/M em janeiro. Os números estão mostrando uma alta menor na margem e essa desaceleração pode ficar um pouco mais intensa nos próximos meses, devido à suspensão da alta do IPI de automóveis, anunciada pelo ministro da Fazenda, Mantega, no final de março. Os aumentos de impostos estavam impactando diversos dos bens industriais e pode ser que a inflação seja menor na ausência deles. No entanto, a inflação em 12 meses deve seguir bastante elevada, pois o período de deflação forte nesses bens parece ter ficado para trás, junto com o período em que o câmbio brasileiro se valorizava mês após mês. Os próximos meses devem ser de grande volatilidade nessa inflação em 12 meses, porém no final do ano deve-se observar uma inflação de bens industriais bem mais alta do que a vista em 2012 (em torno de 3,5% contra 1,8%).

A inflação de alimentos, de forma geral, desacelerou em relação ao mês anterior, porém ainda segue elevada. A variação dos preços não comercializáveis com o exterior (nontradeables) desacelerou em relação ao mês anterior, porém menos do que era esperado e ainda está bastante elevada (em torno de 6,0% M/M). Já os preços de alimentos que podem ser comercializados com o exterior (tradeables) em março começaram a mostrar arrefecimento maior, em linha com o que é esperado dado o comportamento dos preços de commodities e do câmbio.

O IPCA de março, dessa forma, surpreendeu para baixo. Considerando-se que o IPCA-15 também havia surpreendido para baixo na divulgação de março, e que o índice de difusão mostrou algum recuo em relação aos níveis ao qual ele havia chegado em janeiro, pode-se dizer que o Banco Central tem argumentos para esperar até a reunião de maio para realizar uma alta na taxa de juros.

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