IPCA-Novembro

IPCA-Novembro

IPCA-Novembro

07/12/12

A inflação medida pelo IPCA no mês de novembro surpreendeu para cima, ficando em 0,60% M/M, contra mediana de expectativas do mercado de 0,50% e projeção da SulAmérica Investimentos de 0,46%. O resultado de novembro foi surpreendente porque a inflação desse mês ficou até ligeiramente maior que a de outubro (0,59% M/M), sendo que o IPCA-15 de novembro apontava para algum enfraquecimento (0,54% M/M). A variação acumulada em 12 meses do IPCA subiu dessa forma, passando de 5,45% em outubro para 5,53% em novembro.

grupo Alimentação e Bebidas teve um comportamento próximo do esperado pela SulAmérica Investimentos em novembro, com variação menor na margem (0,79%) do que nos meses anteriores (1,36% em outubro e 1,26% em novembro). Tanto a inflação de alimentos comercializáveis quanto a de não comercializáveis ficou mais fraca em novembro, indicando efeitos menores das altas das commodities agrícolas que ocorreu em julho e da quebra de safra. Por outro lado, houve alta forte no preço de Alimentação fora do domicílio (variação passou de 0,99% M/M para 1,31% M/M), que responde de forma defasada aos aumentos das outras categorias de gastos com alimentos e também tem características de serviços (tanto que entra no grupo de serviços na divisão do IPCA feita pelo Banco Central). A inflação de alimentos nos próximos meses pode ainda ficar elevada, devido à sazonalidade das chuvas de verão, porém ela deve ficar mais fraca em 2013, na ausência de choques de oferta. Mesmo assim, ela deve permanecer com variações elevadas, provavelmente ligeiramente acima do centro da meta.

A maior contribuição para a alta entre outubro e novembro veio de Transportes (de 0,24% para 0,68%) e de Despesas Pessoais (de 0,10% para 0,53%). Em Transportes, tal como no mês anterior, pode-se destacar a alta nos preços de automóveis novos (0,52% contra 0,32% no mês anterior), que é um dos itens que mais têm peso no IPCA como um todo. A alta nesses preços, mesmo com a manutenção da taxa do IPI em zero, mostra como os estoques desses bens estão em queda e como uma eventual reversão dessa taxa de imposto pode pressionar o IPCA do começo do ano que vem. Os bens industriais, que de forma geral contribuíram para uma inflação baixa nesse ano, devido às diversas isenções de impostos concedidas, já não estão contribuindo de forma tão benéfica para a inflação nos últimos meses, como pode ser visto na alta dos preços de automóveis novos. A inflação desse grupo para 2013 deve se situar em patamar superior ao visto no ano de 2012 (que é o menor para toda a série histórica desde o começo de metas de inflação), voltando a ficar em pelo menos 2,5%. A inflação desses preços pode ser ampliada por aumentos de impostos sobre produtos industrializados (reversão das isenções para automóveis e linha branca e aumento nos impostos sobre cigarros).

A inflação dos serviços em novembro ficou bastante elevada, em 0,82% M/M, contra 0,51% M/M nos dois meses anteriores. Parte dessa alta foi devido ao aumento de Alimentação fora do domicílio, como comentado antes, porém outros preços de serviços também mostraram aceleração (de 0,33% M/M para 0,44% M/M entre outubro e novembro). Grande parte da surpresa em relação à projeção da SulAmérica Investimentos ocorreu nessa inflação de serviços, em especial no item passagens aéreas, que subiu mais que o esperado (11,8% em novembro). É importante destacar que a inflação de serviços caiu no começo do ano (de 9,0% para os 8,0% atuais) basicamente devido a fatores temporários, relacionados à reponderação do IPCA. A inflação de serviços deve se manter pressionada nos próximos meses, devido à baixa taxa de desemprego e aos elevados reajustes que a mão de obra tem conseguido nos acordos com seus empregadores.

A inflação de bens e serviços administrados ficou mais elevada em novembro (passou de 0,25% M/M no mês anterior para 0,54% M/M). Parte dessa alta é explicada pelo aumento das tarifas de energia elétrica no Rio de Janeiro e em Belém. Uma parte considerável também é explicada pelo aumento do preço da gasolina em certas cidades, em especial Curitiba e Fortaleza. Como o aumento ocorreu em apenas algumas cidades, pode-se considerar que ele se deve a fatores locais que não devem ter impacto persistente. Entretanto, o impacto que esse aumento no preço da gasolina médio (1,18% M/M) teve no IPCA como um todo (0,05 pp) serve para mostrar que um reajuste do preço da gasolina praticado pela Petrobras teria grandes efeitos sobre o IPCA como um todo.

O índice de difusão (uma medida de quantos subitens subiram dentro do IPCA) caiu em novembro para 62,7%, em linha com a menor pressão de preços alimentícios (alimentos no domicílio é o grupo que mais tem itens e subitens dentro do IPCA).

Os núcleos (uma forma de tentar medir a tendência da inflação) do IPCA permaneceram com variação elevada em novembro, sendo que a média dos 3 núcleos dessazonalizados ficou mais elevada em novembro (0,55% M/M) do que em outubro (0,51% M/m). A média trimestral anualizada dos núcleos ficou bem baixa no 1º e no 2º trimestre desse ano (em torno de 4,7% no dado ajustado sazonalmente), porém voltou a subir no terceiro trimestre, ficando em 6,8%, com o efeito dos preços de alimentos se fazendo sentir. Essa medida de inflação deve recuar nos próximos meses, porém dificilmente para os patamares vistos no começo do ano.

A inflação de novembro veio acima das expectativas, levando a um ajuste nas projeções para o IPCA em 2012. A projeção para o IPCA em dezembro desse ano aumentou de 0,52% M/M para 0,55% M/M, fazendo que se projete um IPCA fechado de 5,6% ao final desse ano. O IPCA em 2013 deve ter variação de 5,6% também, levando-se em conta nessa projeção a queda nas tarifas de energia que deve ocorrer em fevereiro e algum reajuste no preço da gasolina.

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