IPCA – Novembro 2015

IPCA – Novembro 2015

IPCA – Novembro 2015

A inflação medida pelo IPCA em novembro ficou em 1,01% M/M, mais alta que a mediana de expectativas do mercado (0,95%) e que a projeção da SulAmérica Investimentos (0,96%). Ela também é a variação mensal mais alta para um mês de novembro desde 2002 (quando foi 3,02%). Com essa variação elevada, a inflação em 12 meses subiu de 9,93% A/A para 10,48% A/A, ultrapassando a barreira dos dois dígitos. A inflação acumulada no ano é de 9,62%.

Em relação ao mês anterior, a inflação acelerou consideravelmente (de 0,82% M/M para 1,01%), devido em grande parte ao grupo Alimentação e bebidas (de 0,77% para 1,83%). Houve aumento na taxa de variação de outros grupos (Vestuário, Saúde, Educação e Comunicação), mas não da mesma magnitude. A inflação de Transportes teve variação menor em novembro (1,08%) do que em outubro (1,72%) devido ao menor aumento do preço dos combustíveis, mas esses ainda tiveram alta considerável e grande impacto sobre o IPCA como um todo (+0,21 pp em novembro, contra +0,30 pp em outubro).

As surpresas em relação às projeções se concentraram no grupo Alimentação e bebidas, que tiveram variação maior tanto nos preços de alimentos não comercializáveis com o exterior (6,97% M/M em novembro) quanto nos comercializáveis (1,49%).

A inflação de preços administrados desacelerou levemente em relação ao mês anterior, com variação de 1,09% M/M contra 1,39% M/M em outubro, porém ainda está bastante elevada, puxada pelos preços de energia elétrica e combustíveis. A inflação de administrados em 12 meses alcançou 17,94% A/A, e deve terminar o ano próxima desse patamar, uma vez que os preços de administrados ainda devem subir mais em dezembro, com mais aumentos de gasolina (causados agora pelo aumento do preço do álcool no mercado).

A inflação de preços livres acelerou consideravelmente em relação ao mês passado (0,99% M/M em novembro, contra 0,64% M/M em outubro). Em 12 meses a inflação de livres aumentou de 7,69% A/A para 8,27% A/A, estando no maior patamar desde jun/13.

A inflação dos preços tradeables passou de 0,99% M/M para 1,14% M/M, chegando a 7,96% A/A em 12 meses, enquanto a dos nontradeables passou de 0,34% M/M para 0,86% M/M, chegando a 8,53% A/A.

O aumento na inflação de tradeables é esperado e é decorrente da depreciação cambial dos últimos meses. Os preços industriais subiram 0,72% M/M em novembro, menos do que no mês anterior (0,90%), mas o suficiente para fazer a inflação em 12 meses avançar de novo, de 4,65% A/A para 5,07% A/A. Os preços de alimentos tradeables, por sua vez, tiveram variação de 1,49% M/M em novembro contra 1,41% M/M em outubro, mostrando maior capacidade de repasse devido à sua essencialidade. Em 12 meses a inflação de alimentos tradeables passou de 10,19% A/A para 11,81% A/A, nível mais alto desde jul/13.

O aumento na inflação de nontradeables, por sua vez, vai na direção contrária do ajuste de preços relativos esperado para a economia brasileira neste momento, e é decorrente da inércia e da desancoragem das expectativas inflacionárias,, além de choques isolados de custos, que estão se sobrepondo ao aumento do desemprego.

A inflação de alimentos nontradeables subiu bastante em novembro (6,97% M/M), devido a fatores climáticos (pouca chuva no Nordeste e Norte, chuva demais nas outras regiões). A inflação em 12 meses desses itens já chegou a 17,28% A/A. A inflação de alimentação fora do domicílio, impactada pelo aumento de custos do restante da inflação de alimentos, também está subindo, tendo alcançado 11,09% A/A em novembro, nível mais alto desde jun/13. Já a inflação de serviços excluindo passagem aérea e alimentação fora do domicílio voltou a subir na medição em 12 meses, tendo passado de 7,19% A/A para 7,29% A/A, apesar do desemprego crescente.

A inflação deve seguir elevada nos próximos meses, devido ao impacto defasado da depreciação cambial e novos choques de custos (como o aumento do salário mínimo na virada no ano). A expectativa da SulAmérica Investimentos é de IPCA de 0,89% em dezembro, fazendo com que o IPCA termine o ano com variação de 10,59% A/A.

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