IPCA – outubro

IPCA – outubro

IPCA – outubro

07/11/13

Em outubro, o IPCA teve variação de 0,57% M/M, abaixo da mediana de projeções do mercado (0,60% M/M) e acima da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,55% M/M). A inflação acumulada em 12 meses segue caindo, mas dessa vez a queda foi menor, de 5,86% A/A em setembro para 5,84% A/A em outubro.

O aumento da taxa mensal de inflação entre setembro e outubro (de 0,35% para 0,57%) se concentrou em especial em Alimentação e bebidas (cuja variação passou de 0,14% M/M para 1,03% M/M, com aumento na contribuição no IPCA total de 0,22 pp). Outros grupos mostraram elevação da inflação mensal entre esses meses, como Vestuário e Despesas Pessoais, mas essa variação mais elevada foi compensada pela queda na inflação dos demais grupos, como Transportes e Habitação.

A desagregação do IPCA em 4 grandes grupos (administrados, serviços, alimentação e bebidas e bens industriais) ainda mostra que a maior parte da desaceleração do IPCA em 12 meses vista nos últimos meses decorreu de variação menor dos preços de Alimentação e bebidas, que agora estão com inflação A/A menor que a de serviços.

Dentro desse recuo na variação dos preços de alimentos, cabe destacar que o recuo é mais forte nos preços de alimentos não comercializáveis com o exterior (nontradeables), que estavam muito pressionados no começo do ano devido às questões climáticas. A boa sazonalidade desses preços (deflação maior que 3% entre julho e setembro) deve ter se encerrado em outubro, quando a variação de preços foi zero. Indicadores de preços diários parecem mostrar que esse grupo da inflação deve voltar a mostrar variação próxima de 4,0% M/M em novembro.

A inflação de alimentos comercializáveis com o exterior aumentou entre setembro e outubro na comparação M/M, mas reduziu-se na comparação A/A. Esses itens estão refletindo a desvalorização cambial que ocorreu neste ano, em torno de 10% até o mês de outubro.

A inflação de preços administrados seguiu tendo queda na variação A/A entre setembro e outubro, tendo chegado a 1,01% em outubro, o menor nível da série histórica. A inflação desses itens deve subir no final do ano, com aumento nos preços de energia elétrica e gasolina, mas ainda deve terminar o ano em patamar baixo e com esses preços tendo sido usados para controlar o índice geral de inflação e evitar que a inflação total ficasse acima do teto da meta.

A inflação de serviços segue pressionada. Os dados, utilizando a metodologia do Banco Central, mostram variação de 0,52% M/M e 8,72% A/A, contra 0,63% M/M e 8,71% A/A do mês anterior. Os dados excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea mostram uma aceleração na variação mensal (de 0,40% para 0,44%). A variação A/A desse indicador segue elevada, tendo passado de 8,11% em setembro para 8,22% em outubro, sendo que a razão para esse patamar elevado está na baixa taxa de desemprego nos últimos anos.

A inflação de bens industriais permanece elevada no cálculo em 12 meses, tendo chegado próximo do patamar de 5,0% A/A em outubro. A variação mensal dos preços de bens industriais subiu ainda mais em outubro, passando de 0,40% M/M para 0,72% M/M. A depreciação cambial que ocorreu desde maio está sendo repassada aos preços ao consumidor. Esse é um processo longo, que deve fazer esse componente do IPCA ter variação mensal acima de 0,30% M/M por um bom período, mantendo a inflação anual em torno ou um pouco acima de 4,5% A/A, que é um patamar elevado se comparado com níveis históricos (nos anos entre 2006 e 2009, em que a meta de inflação foi atingida, a variação de bens industriais costumava ficar em média em torno de 2,50% A/A).

O IPCA de outubro veio um pouco abaixo do esperado pelo mercado, porém a inflação nos próximos meses deve seguir com pressões para cima. O efeito defasado da depreciação cambial da metade do ano deve ser cada vez mais sentido nos preços de alimentos comercializáveis e bens industriais, sendo que agora a inflação de alimentos não comercializáveis entra em período em que ela é sazonalmente maior. A inflação de serviços não mostra sinais de arrefecimento enquanto a inflação de bens e serviços administrados pelo governo pode ficar maior, à medida que reajustes de preços têm de ser feitos (em especial na gasolina). A inflação nos dois últimos meses do ano deve ficar em torno de 0,70% M/M, o que deve fazer o IPCA em 12 meses parar de cair e se estabilizar em torno de 5,80%.

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